A MONTANHA

Beleza e solidão fazem parte desse meu mundo.

Quando o frágil equilibro que separa os elementos se rompe, os extremos se encontram.

Neste inverosímil teatro, os protagonistas atuam com sutileza felina, ou como impetuosos dragões.

Clarões dos furiosos raios iluminam a vasta pradaria estéril do deserto. Tempestades de areia me cegam e sufocam por dias. O calor do astro rei abrasam meu corpo. O frio gelado das longas noites do inverno, deixam minhas encostas encobertas de neve. A escuridão das noites sem o brilho da lua, oculta nas sombras meu imponente perfil.

Tão inesperada como se inicia, termina a luta entre os leviatãs da natureza. Surgem sobre minhas encostas deslumbrantes cascatas. A lua cheia reflete sua luz sobre minhas paredes, e ilumina o negrume das minhas fendas abissais. O cintilar das estrelas quase tocam meu elevado cume, o vento sopra suave brisa em minhas altas escarpas. O silêncio ensurdecedor do deserto, me faz ouvir o eco dos meus pensamentos.

Tenho alguns milhões de anos, ainda sou jovem.

Testemunhei, e seguirei testemunhando grandes mudanças do planeta desde a sua formação. Observei colossais animais pastando nas longas pradarias ainda verdejantes. Congelei por décadas na era glacial. Queimei no calor da larva dos vulcões. Me afoguei nas oceânicas enchentes. Perdi partes de mim nos cataclismos sísmicos. Mas, em verdade vos digo, essas forças naturais lutam com um proposito, manter o fragil equilíbrio.

Porém, nada produz mudanças mais catastróficas que a espécie humana. Pelo que haverá de vir...tenho pesar!

Anselmo Pereira
Enviado por Anselmo Pereira em 22/03/2018
Reeditado em 15/08/2018
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