EPISÓDICO E SEM NEXO CAUSAL

Como acontece numa interrupção para um comercial de TV, num cenário em que se via apenas silhuetas, dá-se um salvamento, enquanto pessoas corriam de um lado para outro. Novo cenário se abre, e entremeio aquelas mesmas pessoas que nos perseguiam, buscávamos abrigo entricheirando-nos numa casa velha de uma fazenda abandonada, também em preto e branco. Enquanto na janela, surge, em cores, um homem branco de olhos verdes, parecendo que queria dizer alguma palavra para mim. Mas era como quem quizesse me enganar, intermediando aqueles que me perseguiam. Ao contemplá-lo, pude ver que nos fundos daquela casa aqueles homens sem cor que desciam com rapidez de um barranco alto, todos armados com fuzís e metralhadoras, eram muitos e não cessavam de descer. De repente uma arma começa a aparecer letamente à janela apontando em direção a alguém que estava em minha companhia. Levantei-me para empurrá-lo ao chão evitando que fosse morto, quando senti uma lamina de uma enorme faca que tocava o meu pescosso, ela brilhava como aço polido. Por um pouco ouvi rajadas de metralhadoras, enquanto aqueles homens sairam em disprada. Livrei-me da faca e sai de dentro da casa, olhando para o terreiro da fazenda aqueles mesmos homens se divertindo atirando nos pés de um outro que saltava sem cessar ante a explosão de cada tiro que clareava a noite, cada rajada era como relãmpagos em noite de chuva. Com aquele clarão eu fui notado, logo, todos me cercaram. Não me intimidei, um poder me invadiu o corpo inteiro,e em alta voz gritei: Capitão! Capitão! – eu quero falar com o capitão. A idéia de súbito era que ninguém podia incomodar o capitão, o seu rosto jamais poderia ser visto. Caso o capitão aparecesse era morte na certa. E ele começou a surgir dentre aqueles homens sem cor. Trazia consigo uma enorme navalha que brilhava como metal polido. Eu o bradei em alta voz: Em nome de Jesus Cristo o senhor vai me ouvir! – Por que essa perseguição se nada te fizemos? Enquanto ele parava para ouvir, já podia ser vista aquela lamina enorme que se baixava lentamente para o chão. Era o fim de um pesadelo.