O Cão

Sonhei que estávamos você e eu em um prédio abandonado. Tudo era muito cinza, e as cores eram escuras sem vida. Estávamos só você e eu, do lado de fora ouvimos um barulho, como se alguém chegasse, por alguma razão ficamos com muito medo, como se qualquer pessoa que pudesse aparecer fosse nos fazer algum mal.

Mesmo com medo eu sai, você não falou nada nessa hora e nem em nenhum outro momento no sonho, eu sai e avistei um velho em uma carroça, ele me viu, disse que eu deveria cuidar bem de tudo para ele. A carroça tinha rodas de madeiras demasiadas grandes.

Senti algo passando com velocidade por minhas pernas, eu não vi nada, mas deixava rastro, eu foi atrás e com facilidade capturei a criatura em meus braços. Era um cão, mesmo em meus braços eu não podia vê-lo, mas sentia-o, era mais verdadeiro que o mais visível dos animais ou humanos.

De forma quase não lógica, eu sentia que deveria protegê-lo, e por ser invisível eu deveria aprisioná-lo, para que ele não pudesse jamais fugir.

Roubei a liberdade de um ser único com o propósito de protegê-lo. No entanto, apesar de não vê-lo, sentia a tristeza dele, era um elo forte, mas não era comigo, era com você, e você estava triste como nunca antes.

Durante a noite eu abri a caixinha de trasporte onde ele estava, ele saiu e senti que ele me olhava, ele foi embora, eu acordei.

Acordei e não puder ver, mas tenho certeza que você também já havia ido.

Emanuel Franca
Enviado por Emanuel Franca em 18/11/2017
Reeditado em 06/12/2017
Código do texto: T6175337
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