O CONSELHO DO PORCO
O Burro já estava cansado quando passou pelo chiqueiro e deu de cara com o Porco a se refestelar na lama fresca. Com sede, as pernas doendo e suando frio, o Burro queixou-se:
_ Ora vejam! Eu me mato o dia inteiro, levo o peso do mundo nos ombros, arrasto montanhas de cá prá lá e o que ganho? Quase nada de almoço, padeço ao sol, passo sede.
O Porco respondeu num meio sorriso:
_ Você é burro mesmo! Se fizesse corpo mole como eu...
O Burro refletiu a noite toda, o que queria dizer aquele safado? No dia seguinte, sem ter dormido um grama de sono, chegou mais perto do Porco e repetiu choroso:
_ Ora vejam... Ao que o Porco acrescentou:
_ Você não faz nada para aliviar seu fardo e reclama da minha sorte, pura inveja. Mesmo assim vou te dar um conselho para aliviar seu fardo. Amanhã bem cedo quando forem te selar, diz com gemidos e alguns ais que está doente. Com certeza, o resto do dia se fartará de sombra e água fresca.
Dito e feito, o Burro foi do ensaio ao teste. E deu certo. Tanto que o patrão ordenou que deixassem o animal descansar. Deram-lhe vitaminas, o dobro de comida e banho. O Burro passou a manhã com a impressão de estar sonhando.
No dia seguinte, de volta ao patrão, o capataz fez um relatório da situação e ouviu em silêncio as ordens para o dia que começava:
_ Bem, se hoje não dá para trabalhar no campo com o Burro, vamos aproveitar para matar o Porco.
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MORAL: conselho não se dá.
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Baltazar