José Pereira Tangerino “Zeca Bem” o senhor viu o Saci Pererê?
Fui até o mercado pra comprar leite e pão para tomar um café a tarde, e vi na prateleira vários pacotes de “Goma de mascavo”.
Lembrei que meu avô materno, “Zeca Bem” famoso dançador de catira, que gostava de fazer uma misturada alimentícia, degustar: “farinha de milho com leite e adoçado com goma de mascavo” depois de rezar o terço, e dizia que era uma paçocada.
Ele usava um prato pra fazer a sua paçocada, prato esse que pra ele era uma relíquia, isto por ter trabalhado na Cerâmica Porto Ferreira, desenhado com o desenho do “Curupira” que também faz parte do folclore brasileiro, personagens das histórias do escritor brasileiro José Bento “Monteiro Lobato”.
Tratando-se das histórias de Monteiro Lobato, lembrei também que no tempo em que estava estudando na escola primaria, os livros que a nossa professora Apolônia Carvalho Cruz indicava para comprar, tendo como diretora do “Externato Menino Jesus”, Rua Lino Coutinho – Ipiranga- SP, Dona Maria Lopes Mendonça (parente do meu pai), enfim fazia parte do curriculum escolar, isso por volta da década dos anos de 1950.
De certa maneira ler os livros de Monteiro Lobato com as suas histórias bem pitorescas nós nos identificávamos por ser oriundos de Porto Ferreira - SP, netos de caboclos, família que viveu nos sítios e nas fazendas de Santa Eudóxia-SP, Descalvado - SP, e Porto Ferreira – SP.
Observando o meu avô “Zeca Bem” saborear aquela paçocada, lhe perguntei se ele viu o Saci Pererê quando morava no seu sítio lá no bairro rural da Fazendinha, próximo do Rio Bonito, divisa de Porto Ferreira com Descalvado?
Respondeu que ficava meio encucado quando ia pegar o seu cavalo e colocar o arreio para o trabalho de rotina. Os seus filhos não faziam isso, trançar as crinas dos animais, enfim ele mesmo sem ver o Saci acabava acreditando que era obra dele, do Saci. Dizia também que sempre ouviu alguém dizer que o Saci era um ser brincalhão e vivia fazendo suas traquinagens?
Meu avô “Zeca Bem” faleceu com 94 anos de idade, nasceu em 1894 e faleceu em 1986, não sabia ler e nem escrever, viveu de 1952 a 1986 na Vila Carioca-Ipiranga-SP.