A GALINHA JANDIRA

Era tão vaidosa, tão vaidosa, a galinha Jandira. Levava a vida desdenhando toda bicharada ao seu redor:

- Detesto essa gentalha! Pouca sorte, a minha, ter nascido nesse meio! – Dizia, despeitada, a galinha Jandira.

Seabra, um pintainho atrevido, era o único que ousava pisar os terrenos da galinha Jandira. E certo dia resolveu alertá-la:

-De nada te vale esse orgulho afinal, todos nós acabaremos, um dia, na panela da Dona Ricardina! – Advertiu o pequeno Seabra.

-Cala-te pirralho! Nunca mais me dirige a palavra. – Ralhou a galinha Jandira.

Dona Ricardina era uma pomba esbelta e proprietária do espaço. O comportamento inadequado da galinha Jandira também não era do seu agrado:

- Não vejo a hora de colocar um ponto final nessa situação. Mas ela não perde por esperar! – Planeava, minuciosamente, Dona Ricardina.

Até que numa tarde de sábado a profecia do pintainho Seabra se concretizou. Dona Ricardina resolveu juntar, como de costume, familiares e amigos para desfrutarem alguns momentos de lazer. Especialista em cabidela de galinha elaborou uma ementa cujo ingrediente principal era, precisamente, a galinha Jandira.

Apercebendo-se da situação, Jandira procurou auxílio no meio que tanto detestava. Ao vê-la, o pintainho Seabra, espantado, interpelou-a: - A senhora por aqui?! O que lhe deu na cabeça?!

- Ajuda-me Seabrinha! Dona Ricardina pretende levar-me à panela! Ajuda-me Seabrinha! Por favor, ajuda-me! - Implorava a galinha Jandira.

- Conforma-se. Faz tempo que isso está traçado. A senhora sabe que é assim. É que a arrogância cega o raciocínio e, por isso, nunca tiveste em conta essa realidade. - Consolava o pequeno Seabra.

E de nada valeu o choro da galinha Jandira, pois ela e a sua vaidade acabaram mesmo na panela da Dona Ricardina