A BORBOLETA E O REI SOL
Era uma borboleta amarela e preta. Há vários dias que andava triste, pois, dizia-se injustiçada pela mãe natureza. A causa principal daquele sentimento era o sol:
-Continuo sem saber o que tem esse tal de sol para merecer tantos elogios! E até chamam-lhe rei! – Desabafava para quem a quisesse ouvir, a borboleta amarela e preta.
Quis o destino que o sol estivesse ali por perto e então, os desabafos da borboleta não ficaram sem resposta:
-Estás sendo injusta, consigo mesma. Não se justifica tanta amargura da sua parte ao ponto de desvalorizares o quanto és importante. – Repreendeu o sol.
-Eu, importante? Ah, isso é que era bom! Não me faças rir! – Respondeu a borboleta.
-Enquanto desperdiçar o seu tempo bisbilhotando a vida dos outros, dificilmente compreenderás que todos somos importantes e jamais terás noção do potencial que a natureza te ofereceu. – Sustentou o sol.
-Nem me fale dessa ingrata! – Exclamou a borboleta.
-Repare, por exemplo, à tua volta, como estão verdejantes as plantas. Se não fosse o conforto do seu abraço ou a força da minha energia nada disso seria possível. E não podemos esquecer como elas são importantes para a humanidade, pois, para além de uso decorativo, as plantas servem também para curar doenças. E o homem que cuida delas com tanto esmero! É toda essa interdependência que faz a natureza acontecer. Precisamos todos uns dos outros e por isso, ninguém é mais importante. – Enfatizou o sol.
A borboleta amarela e preta desfez-se em lágrimas enquanto escutava, em silêncio, os pronunciamentos do sol. Absorveu a mensagem e penitenciou-se:
-Perdoa-me por tanta injúria. Andei tão perdida em intrigas que nem dei pelo lindo universo que tenho a minha volta. Nem tão pouco percebi o potencial que faz de mim tão importante como os outros. Perdoas-me?!
-Estás perdoada! Todos merecemos uma segunda oportunidade, sobretudo quando temos a humildade de reconhecer as nossas falhas. Dá cá um abraço e não se fala mais no assunto. – Concluiu o sol.