O segredo da lua cheia e a flor da meia noite.

      

     Dizem os antigos poetas, que a lua antes de ser a lua como a conhecemos, era uma princesa linda e perdidamente apaixonada por um simples plebeu de seu reino, que, por sua vez foi transformado na flor da meia noite. Essa história é muito antiga, e começa mais ou menos assim; permita-me conta-lá.

   Há e muito tempo atrás, nos primórdios da humanidade, em um lugar montanhoso onde hoje é a China, existia um pequeno reinado chamado Diagom. O rei desse lugar era um homem muito severo, todos os seus súditos obedeciam segamente suas ordens sem nenhum questionamento. Neste reino também existia um pássaro de fogo que era considerado sagrado e tinha poderes mágicos, que segundo conta a lenda, conferia a seu possuidor o poder de realizar muitas coisas que desejasse, esse pássaro de fogo ficava na sala real, em uma gaiola de ouro puríssimo, a ninguém era permitido ver esse pássaro, nem mesmo a bela filha do rei, chamada Azira.

  Adônis era o nome desse poderoso rei, os muros que cercavam o seu reinado eram altíssimos, intransponíveis, os portões da cidade real eram do mais duro metal, que por sua vez, era encontrado somente lá em suas terras, o nome desse raro metal era, mernum, os escudos dos soldados e as espadas como também a armadura do rei era tudo feito desse belo metal de cor avermelhada. Somente um homem em todo o reinado sabia como trabalhar esse metal, o seu nome era Galius, apesar de seu conhecimento específico com metais ele vivia em um pobre povoado fora da cidade real, que se localizava às margens do rio Garubi, rio esse que passava por dentro do reino de Adônis e cortava por baixo das grandes muralhas, suas águas eram límpidas e havia muitos peixes nesse rio, peixes esses que alimentava todo o povoado de Garubi.

  As pessoas que viviam dentro da cidade real não se misturavam com os povoados que circuncidavam o reino de Adônis, nem os povoados ousaram adentrar na cidade real, só um homem conseguiu essa façanha, e era justamente Galius, quando teve que fazer os escudos reais e tudo mais que havia no reinado que usavam o raro metal, ele viveu na cidade real por um bom tempo, seu filho Olaf, tinha nesta época somente dez anos de idade, a mesma idade da filha do rei. A filha do rei e o filho do plebeu ficaram amigos, durante o período em que Galius trabalhou na cidade real. Dessa simples e singela amizade nasceu um grande amor, do jovem plebeu para com a filha do monarca, mas esse amor nunca seria permitido pelo rei, jamais seria permitida a princesa Azira um relacionamento com um simples e pobre plebeu, mas o que ninguém imaginava que aquelas simples crianças em um dia em que o rei não se encontrava na sala real, adentraram na sala do trono e ambos viram a lendária ave de fogo e lá juraram amor eterno. O tempo passou o jovem Olaf teve que ir embora com seu pai, de coração angustiado de Azira viu o grande amor de sua vida partir, lágrimas caíram de seus olhos, ela jurou para si mesma que faria o que fosse necessário para encontrar-se com o grande amor da sua vida novamente.

     Conta a história, que nesse período não havia o luar, um belo dia o jovem Olaf recebeu uma carta da princesa Azira, carta essa trazida por uma pomba, e nela dizia o seguinte:

“Querido amor da minha vida, serei breve, por não dispor de tempo, o rei meu pai planeja casar-me com um príncipe de outras terras, recuso-me, pois o meu coração é teu, no primeiro dia do próximo mês, meu pai deixara por dois dias a sala real para uma visita ao reino, aproveitarei para clamar ao pássaro de fogo para que fiquemos juntos, quero que me espere. Meu pedido não deverá ser outro senão ter você para o resto da minha vida, me espere no monte Vespúcio, no começo da próxima noite. Adeus amor da minha vida, sempre sua Azira.”

  Chegou o tão esperado dia, conforme prometeu ao jovem, no primeiro dia daquele mês, logo quando o seu pai deixou a sala real, Azira adentrou na presença do pássaro de fogo, o que ela não sabia é que havia uma maldição para aqueles que fizessem pedidos ao pássaro, a maldição consistia em aprisionar no céu para o resto da vida quem fizesse qualquer pedido ao pássaro sem o consentimento do rei - por isso o rei escondeu o pássaro na sala real -- foi assim que a Jovem Azira foi transformada na lua, e como se não bastasse o seu amado seria transformado na flor da meia noite, pois assim que feito o pedido, quando então a jovem mencionou o nome de seu amado, a maldição seria estendida a ele também.

  Naquela mesma noite, o jovem Olaf presenciou do monte Vespúcio, o aparecimento daquele novo astro no céu, e ele, no mesmo instante foi transformado na flor da meia noite. Enquanto no reino todos procuravam pela jovem princesa, seu pai desgostoso notou o desaparecimento da filha e do pássaro de fogo, pois a jovem havia esquecido a porta da gaiola de ouro aberta, enquanto no vilarejo, o jovem filho de Galius nunca mais foi visto. Amargurado por saber da maldição o rei trancou-se na sala real até o fim de seus dias, enquanto em todas as noites de lua cheia, a flor da meia noite abre as suas pétalas esperando pela luz de sua amada. Foi assim que nasceu a lua cheia, e a flor da meia noite, de um amor proibido, que se transformou no mais belo astro da noite, ainda hoje, em noite de lua cheia, em um dos montes chineses é possível presenciar a flor da meia noite abrindo suas pétalas negras e recebendo do luar toda luminosidade, como se fosse um doce beijo da sua amada. Essa rara flor só é encontrada neste monte, mas a sua exata localização perdeu-se ao longo dos anos.

  

Tiago Macedo Pena
Enviado por Tiago Macedo Pena em 08/06/2017
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