A Aranha Venturosa
A ARANHA VENTUROSA
Dos arbustos a beira do terreiro e do entre fios da cerca de arame farpado sai à aranha ventureira a fazer morada entre os humanos numa habitação modesta, mas singela e agradável de uma família ilustre da cidade.
Ela sobe então pela parede e la num cantinho quase escuro no vislumbre do teto da casa ela começa a tecer sua teia com esmero e muito capricho até que finalmente fica pronta uma eficaz armadilha para insetos descuidados que hão de ser suas presas,pois a aranha está faminta já há dias sem provar um petisco.
Feita a armadilha ela se põe ao lado e fica na espreita a fim de apanhar o seu jantar que poderá ser um inseto voador qualquer, quem sabe uma traça em estado de mariposa? Afinal pretensão e canja de galinha não fazem mal a ninguém!
Na primeira vez que a teia estremeceu denunciando a presença de uma vítima foi só desilusão e medo: era uma tremenda de uma vespa estúpida e indignada que por si mesma ela rompeu o tecido da teia e foi se embora, ainda bem! E não foi desta vez que a aranha venturosa saboreou um apetitoso jantar.
Alem disso vespas não são alimentos para aranhas, pelo contrario, são predadoras.
E a aranha teve que passar o resto do dia escondidinho num cantinho bem seguro.
No outro dia depois que tudo fica pronto em outro local da parede a aranha esperançosa observa la de longe o andamento das coisas com boas intenções, pois ela já está há dias sem comer um bom jantar farto e saciável.
Quando não, para sua frustração a criada vem com a vassoura dando uma limpeza geral na casa, e as teias, as dela e as das outras aranhas são varridas impecavelmente e todo o seu árduo trabalho é jogado no lixo sem levar em conta que insetos também padecem.