Qual o valor do livro?
Um jovem que sempre passava por uma antiga livraria sempre admirava os livros na vitrine, por seus títulos incomuns. Sempre os admirara, mas nunca entrara, pois julgava que não teria dinheiro suficiente para comprar algum deles, pois uma estranha curiosidade dessa livraria era que nenhum livro possuía o preço estampado em lugar nenhum e isso afastava muitos possíveis compradores.
Um dia tomado de coragem esse mesmo rapaz resolveu entrar na livraria para perguntar o preço de um livro que lhe chamara a atenção.
Ao adentrar o local, deparou-se com o livreiro. Era um sujeito já de certa idade, sentado em um canto com seus típicos óculos de leitura e com um livro aberto entre as mãos. O livreiro sequer ergueu os olhos quando ele entrou. Continuava absorto e sua leitura como se nem sequer notasse sua presença.
O jovem sentiu-se um pouco intimidado com a atitude daquele senhor, mesmo assim, dirigiu-se até ele com o livro nas mãos e o inquiriu: “Quanto custa o livro?”
Ao qual o velho livreiro ainda sem olha-lho respondeu: “Custa tempo!”
O rapaz sentiu-se desconcertado, julgou que não tivesse sido claro em sua pergunta e resolveu tentar mais uma vez: “Qual o preço do livro?”
Sem mudar um milímetro a sua postura o livreiro respondeu: “Um bom livro não tem preço.”
O jovem julgou que aquele homem estava fazendo chacota dele e achou que o velho pensava que ele não tivesse dinheiro suficiente para comprar aquele livro.
Com um rosto vermelho em um misto de vergonha e raiva, perguntou em tom alto e ríspido: “EU QUERO SABER QUAL É O VALOR DO LIVRO.”
Sua reação surtira o efeito desejado, pois o livreiro sem sair do lugar, calmamente levantou os olhos para ele, tirou os óculos de leitura, fechou o livro e respondeu em um tom amistoso e suave: “O valor de um livro quem dá e você.”
E continuou no mesmo tom: “O valor de um livro depende do que ele pode fazer por você. Depende das transformações que ele pode proporcionar em sua vida e na vida das demais pessoas ao seu redor. Depende do bem ou do mal que ele pode causar a quem o lê e ao mundo como um todo. Tudo dependem de como os interpretamos, livros podem ser nossos amigos ou nossos inimigos basta termos sabedoria e bom senso suficientes para separar aquilo que nos é útil daquilo que não o é e tudo ficará bem.”
“Livros são como pessoas têm qualidades e defeitos. Assim como a maioria dos seres humanos, alguns têm mais de um e menos de outro, cabe a nos sabermos discerni-los. Entretanto existem livros que são como verdadeiros amigos. Contam-nos seus mistérios e nos levam lugares nunca antes imaginados, abrem-nos as portas de novas possibilidades. Resumindo, transformam radicalmente a nossa vida. E o melhor de tudo é que esse nosso ‘amigo’ jamais trairá a nossa confiança, revelará nossos segredos ou falara mal de nós.”
Após ouvir tudo isso o rapaz mais tranquilo e com o coração aliviado perguntou ao livreiro: “Qual o valor do livro que tenho nas mãos?”
“Não sei ainda!” – Respondeu o velho livreiro – E completou: “Mas leve-o com você e após lê-lo cuidadosamente volte aqui e me diga qual o valor do livro.”