O Sapo Entregou
“A águia quis saber...” Quem era o preeminente quadrúpede, habilíssimo com as palavras, parecia Demóstenes, o afamado orador grego. Zurrava, zurrava, zurrava... Tentando inflamar as demais espécies de equinos daquele estábulo.
“E bem que viu o bem-te-vi...” que, tratava-se dum animal com um notável complexo de inferioridade, por saber-se pertencente de uma subespécie. Era de porte médio e tinha focinho e orelhas compridas, geralmente, os da sua espécie eram usados como animais de carga pelos seres humanos.
. “A sabiá sabia já...” que para se engrandecer, o tal quadrúpede, sempre que podia, desfazia-se das zebras. Dizia ele, gesticulando como um maestro bêbado: “Como confiaremos nessa espécie? Da qual nem sequer sabemos a cor. Ora, eles são brancos com listas pretas ou pretos com listas brancas?”.
O tal orador odiava as zebras por inveja-las, pois diferentemente dos de sua espécie, elas, não eram domesticáveis, e com seu cavalgue imponente, cruzavam livremente montanhas e planícies com suas crinas e caldas ao sabor do vento.
Mas se o complexado quadrúpede tinha uma qualidade, essa era a obstinação, tanto é, que, em pouco tempo ele conseguiu fazer com que cavalos e pôneis aderissem à sua luta anti-zebra. Convenceu-os que as zebras comiam demais e deviam ter o pasto racionado. Depois proibiu as zebras de cavalgarem para não “acidentarem o terreno”. Por fim ele pôs na cabeça dos demais equinos que as zebras eram responsáveis por sua exploração por parte dos seres humanos, pois se estas se deixassem domesticar, o trabalho delas seria menor.
Certo dia, estranhamente, o tal zurrador mostrou-se cortês para com as zebras, que agora viviam famintas por causa do racionamento de pasto, permitindo que elas se alimentassem a vontade, na parte inferior da planície, no entanto. Lá, se refestelaram até não mais poder, porém, sem saber que se tratava duma armadilha, ingeriram doses letais de parra brava, e morreram praticamente todas. Porem, uma delas que não havia comido fugiu em busca de ajuda. Ao avistar um touro relatou-lhe o acontecido, este por sua vez, além dos seus, reuniu-se com enormes manadas de rinocerontes e búfalos que foram em busca de justiça.
Ao longe, cavalos e pôneis que eram aliados da espécie daquele maldito quadrúpede podiam ouvir a terra tremer com a aproximação daquelas ferozes manadas. Aterrorizados bateram em retirada sem direção certa, os alcançados, ou eram pisoteados ou chifrados pelos touros, búfalos e rinocerontes.
Quando percebeu que o fim era inevitável o tal quadrúpede foi até a parte inferior da planície para onde havia mandado as zebras, e suicidou-se, ingerindo também uma dose letal de parra brava.
“Por quê, porqué, porquois será? O sapo entregou” A águia então soube, que aquele burro que discursava em alemão se chamava Adolf Hitler.