O vaso e o porco
Dizia o vaso de porcelana ao porquinho de louça:
-Reparaste como hoje estou bonito? Vê que belas rosas exibo nesta manhã!
-Beleza... Grande cousa!- troçou o porco- Não troco uma única moeda de meu bojo por todo esse buquê inútil que levas! O mundo é dinheiro, todo mundo o sabe; quanto mais algarismos, mais poder. E como já estou quase transbordando de moedas que recebo diariamente, serei em breve o porco mais rico e poderoso do mundo!
-Não te apegues ao dinheiro, pois ele é só um meio, não um fim em si mesmo, meu caro porco- admoestou o vaso- Mais dia, menos dia, quer queiras, quer não, teu dinheiro há de ser gasto!
-Dizes isso por inveja, uma vez que tua débil beleza se esvai pouco a pouco. Não percebeste que os donos da casa já trocaram todos os móveis antigos? Somente tu permaneces amarelo e antiquado, enfeando a sala. Acredita-me: teu fim é certo e não tarda!
De fato o velho vaso foi lançado ao lixo uma semana depois, no mesmo dia em que deram uma certeira martelada no porco e compraram um novo vaso com o dinheiro.