O FABULOSO PEEMEDEBÊ

 



 
A fábula é antiga e bastante conhecida, mesmo assim vou recontá-la. O escorpião estava parado à beira do leito do rio. Queria atravessar aquele curso raivoso e fluído, mas não tinha competência para nadar sozinho. Então apareceu o sapo, deixando clara a intenção de atravessar o rio. O sapo, como se sabe, tem ligação atávica com a água. Por isso o escorpião propôs:
_ Seu Sapo, me dê uma carona até o outro lado do rio. Eu quero atravessar, mas não sei nadar.
Pediu na maior carona de pau. Então o sapo, que tinha lá sua sapiência, respondeu:
_ Qualé! Eu posso parecer, mas não sou bobo! Se eu te colocar às costas lá no meio do rio você me pica. Sei da sua peçonha!
_ Pense bem, meu caro e Ilustríssimo Anfíbio! Se eu te picar eu também morrerei, já disse que não sei nadar! Eu te prometo [olha o perigo!], que quando chegarmos do outro lado eu te beijo e você deixa de ser pobre e fica podre de nobre.
O sapo pensou, pensou... E achou razóavel o argumento do escorpião. Pois nessas circunstâncias não era do seu interesse praticar tal maldade.
_ Tá bom! Sobe aí! Minhas costas são largas mesmo. Mas vê lá!
O escorpião subiu às costas da improvisada canoa. Estando já no meio do leito do rio, como já é sabido e esperado, o escorpião enfiou uma picada no lombo do sapo. Ele gemeu diante a introdução da peçonha. O golpe foi mortal!
_ Que é isso, Seu Escorpião! Assim eu vou morrer e você vai junto.
_ Eu sei, meu amigo sapo. Mas essa é minha natureza!
Por fim os dois morreram, um envenenado e o outro pouco depois, só que afogado.