O REI PELADO E A CONVENÇÃO DOS MOSQUITOS
Era uma vez um rei.
Aclamado com pompas abobadas, naquele reinado o tal Rei não era diferente do que já se conhecia sobre todas as coroas néscias das regiões vizinhas.
Chegara meio atabalhoadamente pelo tempo, pouco depois que uma nuvem de gafanhotos arrebatara os trigais de todas as regiões e, via falácias ao seu povo ingênuo e empobrecido de tudo, prometia que espantaria todas as misérias e as demais pragas que, por desventura, viessem a ameaçar a dignidade do seu sofrido e adorado povo.
Seu discurso hipnotizava os famintos e os simplórios.
Como todos os reis, era vaidoso de vazios, todavia, contratou a mais poderosa comitiva do reino para que levasse a força da sua voz velhaca a todo o entorno do seu reinado.
Não tardou para que sua fama de inigualável rei se espalhasse pelos mais longínquos entornos e, em pouco tempo, não se falava noutro assunto, a não ser sobre a nobre magnificência absoluta e absolutista do seu verve inigualável de rei pelado.
Pelos comícios cosmopolitas os bobos da corte (nunca tão bobos assim!) panfletavam a sua capacidade alquímica de, em tão pouco tempo, transformar todos os medos e tragédias em segurança inviolável e justiça inigualável para o seu povo.
“Oh!Oh! Oh!”-diziam todos que ouviam as lorotas daquele rei...e já sabia-se que todas as demais coroas do mundo sentiam inveja da sua capacidade reinante ,sobrenatural e estonteante de sempre reinar.
Pelos seus perenes púlpitos do tempo, para certificar sua benevolência, espalhava trigo pelos quintais da vizinhança, enquanto, sorrateiramente, plantava fome em terreno autóctone.
Mas ele era rei! E como rei sua voz era lei absoluta ao mundo desavisado, inclusive.
Passou a dar consultorias de excelência aos reinados.
E por longos anos ele falou e falou e falou....e esbravejou, esbravejou e esbravejou, e prometeu e prometeu e prometeu ...envaideceu, envaideceu, envaideceu, e assessorou e assessorou e assessorou, ...e eganou, e enganou e enganou...
Mas o povo não sentia que a sua terra apodrecia, apodrecia, apodrecia... em meio às onerosas tendas armadas ao seu povo: que só o aplaudia, e o aplaudia e o aplaudia...
Mas os tempos, sem o ser percebido, aos poucos mudaram.
Lá bem longe,no reino das pragas invisíveis, houve o aviso de que o rei tão famoso e aclamado era néscio e mentiroso e que, então, seu reinado deveria ser prontamente dominado e liquidado.
Então, certo dia, o rei dos gafanhotos vizinhos , já cansado de guerra, passou a coroa para o novo reinado dos mosquitos zikados.
Foi quando se iniciu a era histórica do rei Zyca, cujo principal objetivo da sua coroa seria o comando da invasão do carcomido reinado do rei pelado.
Os mosquitos fariam a festa ao tomar o reinado para si!
O burburinho chegou ao povo do rei pelado.
“Oh! Oh!Oh!”-gritava o povo assustado! “Seremos assolados pela praga dos mosquitos zycados! Deus nos salve! Uma profecia bíblica!Será o fim do nosso povo!”
Então, sob o zum-zum-zum dos mosquitos que já atacavam o reino em invisíveis nuvens zycadas, e sob a audiência do povo que esbravejava, o rei pelado convocou uma urgente convenção com o rei Zyca para resolver a grave situação do seu povo.
Precisava mostrar ao mundo que seu reinado não estava assim, tão pelado, sob controle dos mosquitos do Zyca Rei.
Os bobos da corte fizeram a panfletagem midiática do evento, convocando todos os reis do mundo para, juntos, resolverem sobre "o fim da picada".
Assim ocorreu a convenção sob os flashes dos reinados abobados:
-Prezado povo do meu reino, estamos aqui –eu ,rei absoluto do meu povo!- todos os meus ministros e demais ministros dos reinos vizinhos, juntamente ao rei Zyca e seus mosquitos aliados, para lhes garantir que nosso reino não será dominado por insetos insignificantes!
-Salve! Salve o rei! gritava o povo.
-Exterminaremos todos os mosquitos que ousarem invadir nosso reinado. O exército está de prontidão! Nossos canhões foram postados contra qualquer indício de mosquito voador que invada nosso espaço aéreo!
-Havemos rei!-se iludia o povo.
-Saibam, com lágrimas nos olhos e dor no meu coração, eu lhes digo meu povo amado: enquanto houver mosquitos se reproduzindo haverá mosquitos nos destruindo!
-Mangnânimo rei! se abobava o povo.
-Mas- eu rei!- me comprometo: enredarei qualquer mosquito atrevido que sobrevoe o nosso reino esquecido!
-Absoluto rei!-idolatrava o povo
- Saibam todos pela minha boca que tudo vos explana em assessoria mundial humanitária: não perderemos a guerra para as nossas nuvens zycadas! Faremos um “mutirão em conselhão num congressão em reunião de apagão” para estudarmos a importância de se captar as crescentes e invasoras larvas dos mosquitos que já sobrenadam na escassa água ofertada ao nosso reino!MAs não perderemos essa guerra!
-Prudente rei! Dormia o povo.
-O importante é que os mosquitos Zycados estejam saudáveis!
-Douto rei!-acreditava o povo.
-Convoquei os ministros da “ saúde sempre sadiamente saudável” para vacinarem os mosquitos o quanto antes!
-Previdente e bondoso rei! orava o povo.
-Coletaremos todas as moedas do povo para aniquilarmos todos os mosquitos"
-Pagamos os patos em nome do inimigos mosquitos do rei! -e sempre pagava... o povo.
Mas, o rei Zyca, um grande entendido na arte da guerra social silenciosa, sabia que a vulnerabilidade do reino do seu colega -o rei pelado!- estava justamente no abandono crônico da seu povo, em troca de benesses à sua corrupta coroa.
Não tardou e os mosquitos do rei Zyca picaram e exterminaram o reinado do rei pelado, que aos poucos foi ficando cada vez mais abobado.
Quanto ao reino, soube-se que infectaram e destruíram o que há de mais sagrado num povo: a consciência si mesmo para a necessária consciência do todo.
Moral da história: E assim o reino do grande assessor rei pelado, nú para todo o sempre, se tranformou no soberano reino do rei zycado.
Essa é a história que os reinados do mundo deveriam ler e reler para, enfim, entender e aprender.