O Sábio e o Milionário
Um jovem, de origem simples, descobriu que era herdeiro de grandes riquezas naquela cidade de poucos habitantes. Após tomar posse de todo o patrimônio, deixou a arrogância se fez presente em sua vida.
Comprou quase todas as mansões do vilarejo. Tinha muitos empregados e vivia cercado de “quase amigos”. Tinha consciência que era tudo interesse. Porém se contentava com a situação. Tudo para não se ver sozinho.
O tempo foi passando e ele, sem perceber, deixou o poder domar seus pensamentos. Mesmo com toda fortuna, sentia um vazio existencial. Sentia que falava algo em sua vida.
Diariamente, sentado em seu trono banhado a ouro, refletia e lembrava de sua vida simples. Logo soprava seus pensamentos e limpava sua história.
Porém lembrou-se dos causos contados pelo seu antigo par, que há muito tempo não tinha notícia. Recordou sobre as histórias do velho sábio das montanhas, que tinha repostas pra tudo. Sem pensar muito, ordenou que seus soldados buscassem aquele homem humilde e cheio de sabedoria. Morava no alto do morro, num casebre feito de madeira.
Os soldados logo trouxeram o sábio, que ao entrar naquela luxuosa mansão, não se impressionou. O jovem milionário foi direto ao assunto:
- Você sabe, sou o homem mais rico da cidade. Posso comprar tudo o que quiser. Tenho certeza que você gostaria de estar no meu lugar. Luxo, mordomia, empregados a disposição, puxa-sacos, muito dinheiro. Você queria estar no meu lugar, certo?
O sábio, sereno, encarou-o com humildade. Balançou a cabeça com sinal de negativo e respondeu com segurança:
-Não! Eu não sou você.
O jovem ficou surpreso com a resposta. Dificilmente alguém discordava de seus comentários, mesmo que fossem esdrúxulos. Insistiu com o sábio:
- Pode confessar que queria estar sentado aqui no meu lugar. Mandando em toda essa gente. Em toda a cidade. Diga, vai.
- Quando se insiste numa pergunta, já tendo a resposta pronta, você demonstra fraqueza de espírito. Quer forçar uma resposta de seu interesse. Comigo, isto não funciona.
Após aquelas palavras, o sábio baixou a cabeça, enquanto o jovem torcia o nariz, irritado.
Naquela sala enorme, ouvia-se somente o som das arpas, de quatro músicos que tocavam para o jovem durante quase todo o dia. Cada um ficava posicionado nos cantos da sala.
O jovem quebrou o silêncio e pediu que os soldados saíssem da sala imediatamente. Queria ter uma conversa reservada com o sábio. Rapidamente acataram suas ordens. Ele chegou bem perto do sábio, que continuava cabisbaixo e disse-lhe:
- Preciso de sua ajuda. Tenho toda esta fortuna, porém sou infeliz e sozinho. Então diga-me, o que falta em meu mundo? O preciso? Eu pago pelos seus conselhos. Fale o preço.
- Não cobro nada de ninguém.
- Então, pode por favor, dizer por que não consigo ser feliz?
- Tudo bem. São três coisas. A primeira é que você dever experimente melhorar sua relação com os empregados. Trate-os com respeito, afinal, eles passam boa parte do tempo com você.
O jovem coçou a pequena barba. Sabia que podia fazer aquilo. Aguardou a segunda orientação. E o sábio das montanhas continuou:
- A segunda é examinar sua estadia no coração de Deus, o todo poderoso. Se estas aqui, tenha certeza, é porque ele permitiu que aqui você esteja.
O jovem começou a pensar a já sentia mudanças em seus pensamentos. Começou a sentir-me mais leve. Aguardou a terceira e última orientação do sábio. E ele permaneceu calado. O jovem, intrigado, indagou-o da terceira orientação.
- Aparentemente é a mais difícil, porém, se pensar bem, com profundidade, é fácil. Meu jovem, esteja disposto a melhorar. Serás mais feliz.
O jovem, pela primeira vez, chamou com educação e carisma seus guardas, que de imediato, responderam com gentileza e um sorriso. Estranharam a mudança, mas gostaram muito.
O jovem pediu que levassem o sábio a sua casa na montanha. Os guardas, com préstimo, perguntaram se ele desejava mais alguma coisa. Normalmente não perguntava, pois tinham medo de serem punidos com severidade. O jovem respondeu que por enquanto era o suficiente.
O jovem percebeu a mudança nos soldados que perceberam a mudança no jovem e o sábio percebeu a mudança em ambos.
Antes de atravessar a imensa porta da mansão, o sábio olhou para trás e sorriu para o jovem que retribuiu, já sentindo uma grande mudança em sua vida.
Depois da conversa com o sábio, o jovem encontrou o caminho da felicidade. Dispensou os “quase amigos” e conquistou amigos de verdade. Foi o início de uma nova vida.