A ÁRVORE QUE CANTA
Em um reino distante havia um rei muito estudioso, que morava no palácio real com a sua linda filha. Certo dia achou ele em um livro uma matéria sobre a árvore que canta, muito rara e de semente muito difícil de achar. Encontrada e plantada a semente, ela germinaria em trinta dias, cresceriam seus galhos e, após um ano, sempre que o vento soprasse em sua folhagem, cantaria.
O rei, pressuroso por encontrar a tal semente, inquiriu vassalos, súditos, reinos vizinhos, mas ninguém tinha a semente. Então, fez um edital proclamando que ao homem que lhe trouxesse a semente da árvore que canta, daria a mão da princesa em casamento.
O reino alvoroçou-se. Os rapazes que cobiçavam a bela princesa iniciaram a procura. Passado algum tempo, apresentou-se diante do trono real um jovem com um pequenino alforje, travando com o rei o seguinte diálogo:
- Majestade, trago aqui a semente da arvore que canta.
- Tens certeza?
- Tenho.
- Conheces as penas do Edital para quem mentir?
- Conheço. Ficarei preso a partir de hoje, durante um ano. Se a árvore que nascer dessa semente cantar, sairei da prisão para as bodas com a princesa. Se não cantar, para a forca.
Diante da convicção e firmeza do jovem, o rei mandou chamar o oficial da guarda real, determinando que a semente fosse plantada pelo jovem no jardim do palácio e, após, fosse ele recolhido à masmorra.
O oficial, que desejava casar com a princesa, inverteu a ordem real. Primeiro prendeu o jovem e depois, no trajeto para o jardim, jogou a semente verdadeira no rio, plantando no seu lugar outra que guardara no bolso da farda.
Após um ano, a árvore cresceu, mas não cantou. O rei desceu à masmorra:
- Passado um ano, a árvore não cantou. O que me dizes?
- Se a semente plantada foi a semente da árvore que canta, ela certamente cantará.
- Dou-te mais quinze dias.
Passado o prazo, volta o rei:
- O que me dizes?
- Se a semente plantada foi a semente da árvore que canta, ela certamente cantará.
- Dou-te mais uma semana. Se ela não cantar, por teres mentido ao rei, serás enforcado.
Decorrido o prazo fatal, o rei mandou que o oficial preparasse o cadafalso e trouxesse o prisioneiro. Na hora da execução, quando o carrasco já enlaçava o pescoço do jovem, ouviu-se um som mavioso e belo como jamais alguém ouvira, vindo do curso do rio, e todos para lá acorreram e viram na curva, numa reeintrância, uma linda árvore que emitia o som.
O Rei interrompeu a execução e mandou vir a sua presença o oficial, que confessou a tramóia, sendo executado naquele mesmo dia, no cadafalso que preparara para o jovem.
Na semana seguinte, o palácio se engalanou para as bodas do jovem e da princesa que, como em toda história real, casaram-se e foram felizes para sempre.
MORAL DA HISTÓRIA:
“Aquilo que o homem semear, isso também ceifará.” Carta do Apóstolo Paulo aos Gálatas, 6:7.