É tudo um equívoco
A coruja anunciava bom tempo, toda a pressa da lesma não valeu a pena; nem a truculência da gazela mudaria o cenário; em silêncio a maritaca a tudo assistia; a gralha fazia o fundo musical; enquanto o leão cuidava dos filhotes.
Todos os macacos, em um só galho, aguardavam, em absoluta inércia, o início do espetáculo, o canguru, com bolsa a tiracolo, lotada de guloseimas, à espera do sinal; a serpente, em trilha linear, também chegava, como sempre em linha reta, daquela vez, mais que nunca; o cachorro confidenciava com o gato, tudo o que esperava da peça, cuja idoneidade era garantida pelo escorpião, imparcial arbitro do evento; até a cigarra abandonou o trabalho e pediu silêncio à formiga; o eco não dava respostas aos questionamentos, e a planta carnívora, gulosa, devorava um saquinho de sementes.
De forma opaca, sob os holofotes, a platéia protagonizou: O dia em que o mundo virou