Passos de tartaruga

     Para comemorar a chegada do verão na Floresta da Tijuca, os animais resolveram fazer uma competição para arrecadar comida para a bicharada. Nessa competição, organizada pela coruja, também haveria um prêmio, em dinheiro, para os cem primeiros colocados. 
     A dona Coruja, famosa pela sua sabedoria, elaborou o Estatuto da Corrida e determinou que os animais deveriam fazer um percurso de cinco quilômetros em até 8 horas. A corrida foi muito bem organizada, os animais receberam números para facilitar a identificação e a premiação. Estabeleceu que os animais correriam por grupos ou equipes, para não haver confusão, sendo que deveriam correr em um local menos conhecidos pelos animais atletas, por se tratar de uma pista nova.
     No grupo B estavam uma preguiça, uma tartaruga e uma lebre. A preguiça era um animal pessimista, sonolento a ponto de nem querer abrir os olhos para discutir sobre a competição. A tartaruga era disciplinada, esforçada, mesmo não conseguindo trabalhar de forma rápida, cumpria suas tarefas, diariamente. A lebre, com excesso de autoconfiança, fazia rapidamente as suas atividades, não tinha atenção e sempre tinha que refazer seus trabalhos.
     Às vésperas da corrida, a bicharada foi dormir cedo para que, no dia seguinte, estivesse descansada para participar do evento. Afinal, a largada seria dada às 7h00min. 
     Houve um atraso na largada porque o cronômetro oficial da largada deu uma pane e precisou de 20min para que fosse consertado. A corrida começou às 7h30min. 
     Desde 7h00min a tartaruga já estava no local da largada, pronta para iniciar a competição. A preguiça, dormiu demais e só chegou às 9h00min, sendo impedida de dar a largada, ou seja, não pode iniciar a corrida. A lebre, por se achar muito hábil, chegou as 7h30min, em cima da hora, mas mesmo assim, pode iniciar a sua corrida.
     O sinal da largada foi dado e foi aquela correria, bicho para todo lado. Animais de todas as cores e de todas as espécies. A tartaruga, em seus passos lentos e firmes se colocava à direita da pista para que os animais mais velozes pudessem seguir o seu caminho, sem problemas e também, evitando que pisassem em cima do seu casco. 
     Logo  no começo da corrida, a lebre passou pela tartaruga e disse:
     - E aí, velocista? Será que cruzará a reta de chegada amanhã?
     A tartaruga, sem desviar os olhos do seu caminho, respondeu:
     - Siga o seu caminho e eu sigo o meu.
     A lebre aumentou seus passos e disse:
     - Faço esse trajeto de olhos fechados. Conheço muito bem essa floresta, conheço cada palmo desse chão.
     A lebre partiu em disparada, de olhos fechados. Quando resolveu abrir os olhos para ver se estava perto da reta de chegada, percebeu algo muito estranho. Perto dela, somente poucos animais. Havia errado o caminho e fez com que outros animais também errassem o percurso. Ficou desesperada porque não sabia como voltar, nem ela e nem os animais que a havia seguido por engano. Resolveu voltar correndo, sentiu cãimbra e teve que andar bem devagar. Em resumo, só conseguiu cruzar a linha de chegada, 9h00min depois.
     A tartaruga, em seus passos firmes e disciplinados, cruzou a linha de chegada em um tempo de 7h59min. Comemorou sua conquista, ao saber que havia chegado no 100º lugar. Lembrou da lebre, pensando que a lebre já devia estar descansada e tivesse alcançado uma boa colocação. 
     Na hora da premiação e da publicação dos resultados, não viu o nome da preguiça e nem da lebre. Ficou encabulada, mas não disse nada. Recebeu seu prêmio e foi embora.
     No dia seguinte, bem cedo, ouviu um toc, toc em sua casinha, uma casca de pau velho, e foi ver quem era. Surpresa, percebeu que ali estavam a preguiça e a lebre, amarelinhas de fome, pedindo algo para comer porque não conseguiram comida. 
     
Morais da história
1. A preguiça é inimiga do sucesso.
2. Não substime o potencial alheio.



     

     
          







 
Joyce Lima
Enviado por Joyce Lima em 11/10/2015
Reeditado em 25/05/2016
Código do texto: T5411416
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