O sabiá e o sapo
     Havia um bosque encantado, com rios e riachos com água limpa e transparente, onde habitavam várias espécies de animais e de plantas. Todos os animais viviam em harmonia. Mas, apesar da boa convivência, determinados conflitos entre alguns animais eram percebidos. Entre dois animais, um sabiá e um sapo, era comum haver conversas bobas entre eles. Uma coruja, que dormia em um galho, mantinha um dos seus olhos abertos e um dos seus ouvidos atentos.
     O sapo, medindo cerca   quinze centímetros, animal robusto, de cabeça grande e arredondada, com focinho curto, olhos esbugalhados e avermelhados. O sabiá, um 
pássaro com tamanho cerca de vinte e cinco centímetros, pesava 73 g, coloração cinzenta e branca amarelada. 
     Sempre, ao final das tardes, um ficava escutando o canto do outro, cada um soltando sua voz para se comunicar no ambiente onde habitavam. Ficava curioso, querendo saber a fisionomia do outro. Um belo dia, o sabiá em um dos seus passeios pelo chão do bosque se deparou com o tão esperado dono daquela voz que o incomodava. Imediatamente, o sapo esbugalhou ainda mais os seus olhos e disse:
     - Ora, ora... Então é você o dono daquela voz melodiosa que perturba os meus ouvidos e atrapalha o meu canto? 
     O sabiá, não sabia o que dizer. Pensou, pensou e respondeu: 
   - Eu também estava querendo ver a cara de quem dá uns gritos estranhos, todo final de tarde. Estou vendo que você é mais estranho que os seus chiados. 
     O sapo retrucou:
     - Você também não é bonito, tem as canelas muito finas!
     O sabiá, não queria perder para o sapo. Balançou as suas asas e propôs ao sapo:
     - Vamos resolver isso com a nossa voz. Vamos cantar e ver quem de nós dois vai agradar os animais do bosque. Desafio aceito, o sabiá estufou o peito, bateu asas para aumentar a potência da sua voz e começou: 
     - S
iri-fririri-serere-siriri-friri-sriri... tá-tá-tá-tá ... til-til-til-til-til-til.
     Terminado o show do sabiá, o sapo estufou o saco da sua garganta e bradou, bem alto:
     - 
 Croac...croac...croac.  Croac...croac...croac.  Croac...croac...croc.
     A sábia coruja havia acordado e convocado os animais para assistirem o desafio. Ficaram todos escondidos em uma moita. Ao terminar a apresentação do sapo, todos os animais aplaudiram o espetáculo musical, efusivamente.
     A sábia coruja pulou para perto dos desafiantes e falou:
     - Eu ouvi a conversa de vocês dois e fui chamar a bicharada. Nossos aplausos são vocês dois. Cada um tem seu valor, o canto do sabiá e o coaxar do sapo são importantes para a nossa convivência e para a existência de vocês. Parem com essa disputa boba.
     O sabiá e o sapo ficaram envergonhados, fizeram reverência um para outro e agradeceram à sábia coruja e a toda a bicharada. A partir desse dia, passaram a respeitar as diferenças de cada bichinho do bosque.

 

Joyce Lima, Itagibá, 11.10.15.


 
    
     
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Joyce Lima
Enviado por Joyce Lima em 11/10/2015
Reeditado em 27/01/2016
Código do texto: T5410901
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