Mel
Há um campo florido. De mil perfumes e cores. Ele é vasto e há vida... A vida lá se expressa com bater de asas, sons sorrateiros ao chão e no desabrochar de cada nova flor.
Uma abelha, em sua tarefa diária de recolher pólen, passa voando procurando algum perfume que lhe atraia. Ela voa de lá para cá e, por algum motivo, não descansa suas asas em nenhuma das mil flores. Parece perdida, mas, em sua razão, está certa por aquilo, por aquele comportamento atípico. Os outros insetos e aves criam falatórios, alguns até dizem que ela ficou biruta, que havia perdido seu juízo provavelmente por sugar alguma flor que deveria estar, provavelmente, intoxicada.
Decerto que ela ouvia este ou aquele comentário, mas não estava muito preocupada com os zumbidos externos. Estava, porém, feliz e livre para apenas ser a sua vontade naquele momento.
Ela foi ao alto, conversou com uma libélula míope e depois voltou ao chão e teve assunto com um tatu bolinha preguiçoso que lhe disse: "A senhora ouve que te colocam como não muito certa das ideias? Pois deixe isso ir aos ventos, que ele certamente voltará e os apanhará pelas costas e acabará, enfim, levando a loucura para a cabeça deles próprios.".
E assim ela voltou a voar, chegava perto das seis da tarde e ela tinha novamente aquele encontro com a flor mais secreta de todas e que iria entorpecê-la novamente com a loucura que uns ainda chamam de amor.