O MENINO QUICAS E O PAPAGAIO

Em uma colina muito distante, morava à beira de um riacho um casal que criava um papagaio. Eles tinham apenas um filho que se chamava Quicas. O garoto por ser filho unigênito era muito mimado e todos os seus desejos eram realizados pelos seus pais. Quicas não gostava do papagaio e sempre prometia que o animal iria ter um triste fim. Um dia Papagaio ouviu o barulho da chuva e começou a cantar alegremente uma musiquinha que aprendera com seus donos, mas não sabia que o que estava por vir, pois o menino muito enfurecido com aquele cantarolado, teve uma estúpida ideia, pediu aos seus pais que os permitissem mandar o animalzinho para bem longe. O casal permitiu que a vontade do filho fosse feita. Quicas por ser um menino mau, fez uma pequenina balsa de madeira, colocou a ave e a soltou no riacho para que as Aguas levassem sem destino. E assim aquele papagaio das asas cortadas foi levado pelas aguas por dois dias de viagem, até que algo inesperado aconteceu. Um pescador que por ali passava começou a cantar a mesma musica que o animal sabia. Muito inocente, mesmo estando muito fraco, molhado e com frio ele também começou a imitar ao homem. O pescador parou para ouvir de onde vinha aquela canção tão afinada, quando se surpreendeu com a presença tão sofrida

de um papagaio alegre. Muito piedoso, ele colocou o animal embaixo de sua camisa para o aquecer e levou imediatamente para sua casa. Chegando lá reunido com a família ele cuidou do papagaio com muito carinho até que ele se recuperasse. Depois do acontecido, ao se passar um ano, o pescador estava na varanda do seu lar, quando avistou uma criança que vinha em sua direção implorando por ajuda. O estado do pequeno era deplorável, pois estava tremendo de frio, todo molhado e com muita fome. O bom homem convidou o garoto para entrar, deu roupa e comida, depois pediu ao mesmo que contasse o que teria acontecido. Quicas explicou que seus pais haviam morrido massacrado pelos índios selvagens e nada le tinha restado a não ser a própria vida que por sorte tinha sido salva graças a um galho seco de uma arvore que o trouxe flutuando até chegar aquela casa. Quicas foi bem acolhido pela família do pescador. Depois de ter descansado o menino foi à varanda e caindo em prantos com saudades de seus pais começou a cantar a musica que a mãe dele costumava cantar enquanto fazia o café da manhã. Ao Cantar a musica também recordava de todo o sofrimento que passou durante o tempo em que flutuou no rio à procura de um abrigo, assim como ele teria feito com o pobre papagaio, pensava ele, muito arrependido de tamanha maldade. De repente Quicas ouviu que alguém o imitava cantado a mesma canção. Ele levantou os olhos para os galhos de um cajueiro e mal pode acreditar, bem do seu lado estava o papagaio como sua única e doce lembrança dos dias mais felizes que ele vivera ao lado de seus saudosos pais.