Antes do Raul Seixas, deixas?
Foi o primo Zen, o Zé Henrique, filho de um Brando e de tia Ceição, que nos ensinou a capturar mosquitos. Vivos. Antes dele nos exibir sua técnica, literalmente flanávamos e o índice de captura manual era zero.
O bom era o bolo que vinha servido antes, por tia Isabel ou por Tia Rita, com café do bule esmaltado. Comido o bolo por todos nós, os farelinhos que repousavam sobre o forro de plástico da mesa - e que belo forro aquele, de escudos de times de futebol de equipes da Inglaterra e do Brasil, e a atração era fatal para os mosquitos.
Gente há que os trata por moscas - em oposição aos mosquitos
pernilongos - e vai ver que está mais certa, mas mosquito era a nossa palavra preferida era mosquito, e finito?
Finito nada, ali é que começava nossa distração na caça com a mão. O Zenrique, nos seus 14 pra 15 anos, vinha calmamente por trás do bichinho pousado e, sem levantar a mão, fazia como faz a aranha mosquiteira: dava um bote certeiro, meio enviezado, fazendo curva, e crau! Era um expert, e um mestre.
O que não podia, jamais - e ele nô-lo dizia - era deixar que se projetasse sombra sobre as costas do bichinho. Pois qualquer vulto
ou sinal ali, o seu detector de escape é acionado automaticamente. E o bicho voa, deixando a gente com cara de quem comeu - bolo - e bolo levou.
Só alguns anos depois foi que as moscas sobreviventes acharam alento na sopa do Raul.