UM RATO. UMA FAZENDA E OS DEMAIS (uma fábula corporativa)
Um rato, olhando pelo buraco na parede, vê o fazendeiro e sua esposa abrindo um pacote. Pensou logo no tipo de comida que haveria ali.
Ao descobrir que era uma ratoeira ficou aterrorizado.
Correu ao pátio da fazenda advertindo a todos:
– Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira na casa!
A galinha disse:
– Desculpe-me Sr. Rato, eu entendo que isso seja um grande
problema para o senhor, mas não me prejudica em nada, não me
incomoda.
O rato foi até o porco e disse:
– Há uma ratoeira na casa, uma ratoeira!
– Desculpe-me Sr. Rato, disse o porco, mas não há nada que eu possa fazer, a não ser orar. Fique tranquilo que o Sr. Será lembrado nas minhas orações.
O rato dirigiu-se à vaca. E ela lhe disse:
– O quê? Uma ratoeira? Por acaso estou em perigo? Acho que não!
Então, o rato voltou para casa abatido para encarar a ratoeira.
Naquela noite, ouviu-se um barulho, como o da ratoeira pegando sua vítima.
A mulher do fazendeiro correu para ver o que havia pegado.
No escuro, ela não viu que a ratoeira havia pegado a cauda de uma cobra venenosa. E a cobra picou a mulher… O fazendeiro a levou imediatamente ao hospital. Ela voltou com febre. Todo mundo sabe que para alimentar alguém com febre, nada melhor que uma canja de galinha. O fazendeiro pegou seu cutelo e foi providenciar o ingrediente principal.
Como a doença da mulher continuava, os amigos e os vizinhos vieram visitá-la.
Para alimentá-los, o fazendeiro matou o porco.
A mulher não melhorou e acabou morrendo.
Muita gente veio para o funeral. O fazendeiro então sacrificou a vaca, para alimentar todo aquele povo.
“Na próxima vez que você ouvir dizer que alguém está diante de um problema e acreditar que o problema não lhe diz respeito, lembre-se de que, quando há uma ratoeira na casa, toda fazenda corre risco. O problema de um é problema de todos.”
(Autor Desconhecido)
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A fábula do rato é uma lição para aquelas pessoas se que julgam muito mais importantes que as demais numa instituição qualquer. Por exemplo, um Gestor, Coordenador ou um Professor que em particular se sobrepõe às outras pessoas.
Penso que uma organização (seja ela produtiva ou de ensino) nos contrata porque ela precisa do nosso trabalho (nossa competência). E nós, nos empregamos nessa organização pela necessidade do emprego que ela nos oferece. Assim ocorre um encontro de necessidades para a realização de um processo socialmente produtivo. Dessa ótica não tem um profissional mais importante que outro, no dado momento somos necessários para a organização.
Podemos projetar também a questão da substituição. Ninguém é insubstituível. Por mais competente que eu seja se eu adoecer, tirar férias ou me afastar para fazer um curso longo fora, a organização não vai parar ou fechar por minha ausência. Alguém fará minha parte do trabalho. Se eu me afastar definitivamente da organização, outra pessoa fará esse trabalho.
Sempre recordo aos meus pares: antes da organização fechar, nós vamos para a rua da amargura, bem antes. Dessa forma, a organização e seus problemas, cada um deles, independente da minha ocupação (ou cargo registrado) é problema meu. Porque sou um retrato três por quatro, em branco e preto, sem retoque da organização em que trabalho.
Como os seres humanos precisam do trabalho (não necessariamente do emprego) para viver…
Uma organização educacional é tão boa quanto são os seus trabalhadores. Os trabalhadores são tão bons quanto o trabalho que realizam. Não existe uma organização educacional boa com profissionais medíocres. Lá fora, na comunidade as avaliações são extremadas, não existe meio termo, escola mais ou menos. “A escola é ótima!”. Porque os profissionais da educação que nela trabalham são ótimos. “A escola é péssima!”. Porque os profissionais da educação que nela trabalham não são competentes. O retrato é de todos, do conjunto da obra.
Expressando de outra forma: estamos todos no mesmo barco, na mesma fazenda, na mesma escola.
Artigo publicado na revista GESTÃO EDUCACIONAL Abril 2013 – Ano 8 / Nº 95