A Borboleta e o Louva-a-deus
Havia uma floresta muito antiga.
Nela cresceu um verdejante louva-a-deus.
Algo estranho começou a acontecer em seus dias floresteiros.
Memórias avassaladoras fulguravam como labaredas aos olhos deste louva-a-deus.
As memórias que a floresta emanava em cada folha.
Em cada folha que ele descansava.
Sobre cada pedra por onde andava, em cada sol que se erguia nas manhãs da floresta.
Sempre as labaredas o deixavam estupefato perante tão avassaladora memória.
A memória não dizia nada com nada. Apenas o fulgurava muito.
A ponto de deixá-lo transfigurado.
O louva-a-deus começou então a borboletear poesias.
A sua poesia era o tremular de suas correntes sanguíneas.
O tremular era borboleteante, fulgurante.
A floresta era muito grande, e ele era muito pequeno.
Apareceu uma linda borboleta encantada.
Voando.
Ele viu a verdade da borboleta.
A luz que o transfigurou.
Ela olhou no fundo dos olhinhos do louva-a-deus.
Beijou com amável carinho sua alma.
E foi borboletear por todas as florestas infinitas que a esperavam.
Ele respirou o amor, e a viu sumir no céu floresteante...
Precisava agora voltar para casa, uma chuva logo chegaria.
A memória não o deu forças para voar.
Tampouco para voltar para casa.
Ele não era uma borboleta.
Ficou recebendo a chuva que veio dar o último banho.
Durma em paz, louva-a-deus.
Pois a paz é o que resta na floresta.
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A Borboleta e o Louva-a-deus PARTE II
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Após ele sentir a paz que restava na floresta, transformou-se num novo universo.
O velho louva-a-deus era agora um universo novo, em formato de borboleta.
Com árvores azuis.