402-O SAPO KE VIROU OMEM-Texto em Brazilez

Kontinuasão do konto # 401 – O sapo e o Májiko

Muitos anos se pasaram. A dupla de sapo e májiko fazia grande suseso. O sapo envelieseu, fikou barbudo e, komo sempre fora kareka, kareka fikou.

Uma tarde, kansado de ser um simples sapo, sempre prezo na sua gaiola, lembrando-se de ke um dia fora eskolido como líder da saparia, keixou-se ao májiko.

— Estou kansado desta vida. Kero ser komo vosê. Kero ser omem.

— Omem? Mas vosê nada entende desta vida de omem. — O májiko estrañou o pedido

— Pois kero ser omem!

E pensando ke, se tinha sido líder dos sapos, poderia, sim, komo omem, ser um grande xefe dos omens.

— Kual! Vosê está kadukando. Nunka pasará de um sapo barbudo. E komo sapo barbudo vai moRer.

— Vosê não é májiko? Pois então, pra ke serve sua májika?

O májiko virou as kostas para o sapo, ke ficou falando soziño.

Ora, por alí andava, ou melhor, pulava de burako em burako, o Grilo Falante, um tal ke, faz muitos anos, komo os leitores sabem, tiña sido amigo do Pinókio. Sábio, o grilo falante jamais tinha dirijido uma palavra seker aos omens, pois sabia do perigo da rasa umana. Mas, vendo, ou melhor, ouvindo a konversa do sapo e o májiko, falou kom o sapo, assim ke o omem saiu.

— Vosê sabe o ke está kerendo? Olia ke ser omem é koiza muito aRiskada.

— Pois kero e kero. Não vou dezistir da idéia.

— Se o amigo kizer,poso ajudá-lo.

— Ajudar-me komo?

— Koneso uma mulier...ker dizer...uma maga... ke pode satisfazer seu dezejo.

O esperto grilo sentiu uma pekena dor de konsiênsia, pois na verdade, falava de uma bruxa feísima, mais velia ke o Padre Eterno, por iso mesmo muito kompetente nas suas...feitisarias.

— Pois xame essa maga. Kero falar kom ela.

Pasaram-se sinko dias antes de a mulier apareser.

— Eis a maga Merlinda — O Grilo Falante aprezentou-a. — Ela pode fazer o ke vosê ker.

O sapo fikou enkantado com a mulier, ke se aprezentou na forma de linda loira, grasas aos seus poderes de alkimia.

— Putz, ke loira! — O sapo não eskondeu sua admirasão.

— Sim, meu kerido. O Grilo Falante já me dise kual é seu desejo. Posso transformar vosê num homem mais rápido kuanto duas piskadelas deses olios lindos.

— Oba! — o sapo abriu a boka de satisfasão. — Então, vamos lá.

— Sim, mas tem o preso a kombinar. — Ela esplikou.

— Preso? Mas não teño nada pra lie ofereser.

— Não, meu kerido, não kero nada de material. Kero me kasar kom o omem ke vosê será, com a miña ajuda.

— Kasar?

— Sim, kasar. Ajuntar os trapos. Viver juntos. — O Grilo Falante foi esplikando.

O sapo barbudo pensou, pensou. Não seria nada mal ter uma loira daquele tipo ao seu lado.

— Tá bom. Mas também teño uma kondisão.

— Kual é, meu kerido sapo barbudo? — A dama já esperimentava o prazer de aRanjar um marido asim, fásil, fásil.

— Kero sair desta gaiola e ir morar num palásio...— Lembrando-se das notísias ke ouvira, akresentou. — Kero morar no Palásio da Alvorada.

— Oh, meu kerido, mas klaro! Komo é ke vou fazer de vosê um omem sem tirá-lo dessa minúskula prizão?.

— Então, estamos kombinados. Vamos lá kom esta májika.

— Fexe os olios. — Ela mandou e o sapo obedeseu.

A bruxa se afastou e komesou a invokar seus poderes.

KALOM ! KALOM ! MALAKOMEM!.

EM NOME DE PETê, DE PETEBÊ E PECEBÊ

KE ESTE SAPO VIRE OMEM

E NO PALÁSIO DA ALVORADA

SERÁ MEU ESKRAVO ATÉ MORÊ

O sapo sentiu um fedor dos infernos, mas aguentou firme, de olhos fexados. Sentiu ke cresia e cresia. Esperou as ordens da linda mulier.

— Pronto! Agora vosê pode ver..

O sapo abriu os olios bem devagar. Estava diante de uma grande konstrução, as paredes de vidro refletiam sua imajem: um homem baixo, meio gordo, com indisfarsável cara de sapo. Os olhos enormes piscaram de surpreza. A barba ke lie cobria todo o rosto era grizalia e faliava em alguns pontos.

Ke omem lindo! — Pensou.— E morando neste palásio, vai ser fásil mandar nos babakas deste país.

Não tiña visto a mulier no vidro espeliado, porke fadas, bruxas e vampiros não se refletem nos espelios. Mas ouviu uma voz feminina:

— Vêña, kerido, vamos entrar.

Virou-se e viu.

Ao seu lado, a mais horrenda kriatura, uma bruxa milenar, que perkoRera todas as istórias verdadeiras e imajinadas: nariz adunko kom verruga na ponta, olios enormes e vermelios komo duas brasas, saltando das órbitas. A boka eskankarada, sem um dente seker (e ezalava teRível mau álito), orelias de bode, fios de barba pelo rosto, sobranselias grosas e duras komo arame. Kabelos na ventas e nos ouvidos. A kabesa koberta por um xale negro, esgarsado, esburakado, datava de sékulos.

— Veña, meu kerido. Aki vosê vai mandar por muito tempo e serei sua kompañeira para sempre.

AgaRando seu braso kom a mão ke mais paresia uma torkez, a bruxa aRastou o sapo ke virou omem para dentro do Palásio da Alvorada.

ANTONIO GOBBO –

Belo Orizonte, 28 de maio de 2006

KONTO # 401 DA SÉRIE Milistórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 04/09/2014
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