O PÁSSARO DA GAIOLA DOURADA

Cisco era um passarinho que vivia numa gaiola dourada, folheada a ouro. Muito podem imaginar que viver em uma gaiola é difícil. A vida monótona! Não poder alçar voos maiores. Só nos sonhos.

Mas seu pensamento era diferente. É verdade que a vida lhe era monótona. Mas a monotonia é o preço que se paga pela segurança de um pássaro.

- “É... tem suas dificuldades viver aqui. Mas sou um pássaro seguro”. Sempre fazia esta confissão para si, lembrando-se de certa ocasião.

Ele vivia olhando os outros passarinhos. Os bem-te-vis, atrás dos bichinhos; os sanhaços, entrando se lambuzando em mamões e melões; os beija-flores, elétricos de flor em flor.

- “Ah! Se fosse eu... Como os outros pássaros, livres... Ah! Se aquela maldita porta se abrisse”. Era o que ocupava seu pensamento.

Um belo de um dia, para sua surpresa, a porta da gaiola estava aberta. Ele poderia agora realizar todos os seus sonhos. Estava livre, livre, livre!

Saiu. Voou para o galho mais próximo. Como era alto. Sentiu tontura. Estava acostumado com o espaço da gaiola, bem pertinho. Teve medo de cair. Viu uma outra árvore mais distante. Teve vontade de ir até lá. Mas não sentia firmeza.

De repente, um insetinho passou voando bem na frente do seu bico. Esticou o pescoço o mais que pôde, mas o insetinho não era bobo. Sumiu mostrando a língua.

O dia foi longo... Viu pássaros sendo pego por gatos... Viu gaviões devorando pequenos alados como ele... Chegou a tarde. Que tristeza veio em seu coração. Ele teve saudade da gaiola dourada. Voltou para lá, e qual foi a sua surpresa: A porta ainda estava aberta. Ele entrou e no mesmo instante chegou o dono. Vendo a porta aberta disse:

– “Passarinho bobo. Não viu que a porta estava aberta. Deve estar meio cego. Pois passarinho de verdade não fica em gaiola. Gosta mesmo é de voar...”

adaptação

Beto Lisboa
Enviado por Beto Lisboa em 05/05/2014
Código do texto: T4795525
Classificação de conteúdo: seguro