Batalha de irmãos

Ele nunca conseguia entender o irmão. Eram tão diferentes. Água e vinho praticamente. Ele nunca iria entender e nem o irmão o entendia. Cada um querendo a sua versão da história, nenhum admitia o erro e da mesma forma nenhum aceitava o acerto do outro. Eram irmãos mas o que eles viviam eram um ódio amável ou num amor odiável.

Um era sensato, racional, contido, escolhia bem todas as suas palavras, calculava cada movimento. Era tão lógico que chegava a se cegar pelo seu lado racional. Frio e suave como o vento.

Ah! O outro era impulso, era violência, era fogo e paixão. Era puro instinto, quase selvagem, quase animalesco. Nada calculado, nada medido ou pensado. Era coisa de pele, de faro. Era o ardor febril incalculável.

E nessa disputa entre esses irmãos tão opostos, numa guerra sem fim, um dia o racional acabou ganhando a batalha e tomou o topo, o cume, o controle... O racional não resistiu a doce vingança e trancafiou aquela criatura selvagem atrás das grades. E o pobre emocional ficou a pulsar num bater violento todas as emoções jogado em sua gaiola, contando a cada batimento os dias de prisão e todos os sentimentos do mundo.

Por isso até hoje o cérebro está na cabeça e o coração preso entre as costelas.

Mas existem aqueles que creem que mesmo assim o coração ainda tem o controle de tudo...