UMA VOZ NO PARAÍSO

Mergulhei no mar e lá encontrei trilhas de pedrinhas, diamantes e pérolas soltas tremulando ao passar dos peixinhos. Parecia tudo tão meigo: nadar e brincar entre os corais...

“Mas é preciso ir mais além, buscar outros mares...” Mas quem disse isso? Um peixe que não tem medo da morte e diz querer me salvar. Insiste em dizer a respeito de tubarões grandes e horríveis e com mais, muito mais, fome de viver.

Pareço hipnotizada, em decúbito dorsal a espera desse “ monstro”. O que ele deve ter me atrai muito e sou capaz de pagar o preço merecido ou proposto.

“Não se engane! Alguém já pagou esse preço. E agora outro alguém lançará a rede para te capturar e vai levá-la para a imensidão, onde tudo é bonito, quieto e só tem anjos”.

Anjos no mar, está louco, Peixinho? “É a vida, moça! Anjos nos corais não são anjos, são criaturas que brilham e vão cintilando, abrindo uma passagem para transpor a luz que te chama”. Percebo medo. É você mesmo que está falando, Peixinho? “O medo é o melhor método para a salvação das almas que se julgam pequeninas. É como uma coluna de amigos mais fortes que te conduz. E você vive,finalmente”!

Mas... deixarei pedras preciosas, veja como é linda a branca pérola! “Sempre se encontra tesouros quem se propõe a buscar”.

Então vou. Das plácidas águas buscarei o infinito. “Mas deixa seu perfume para que outros possam se salvar”. Deixarei mais que isso: meus olhos para encontrarem o caminho; meu sorriso para que nunca percam a esperança; minhas vestes jogadas pelo chão para que saibam que só na nudez se pode encontrar a felicidade.

Zilda Garcia
Enviado por Zilda Garcia em 11/03/2014
Reeditado em 11/03/2014
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