Uma nova lenda para a LUA !
Estive divagando sobre a Lua, acho que toda pessoa romântica (ou não), pelo menos uma vez foi afetada por este irresistível fascínio luminoso. É conhecida a teoria de que o Arco-Íris simboliza a aliança de Deus, sua promessa de amor por nós. E quanto a Lua? Segue uma lenda recém criada... entre tantas outras.
Certa vez um homem decidiu-se a plantar determinada fruta em sua propriedade, arou a terra, adubou, semeou e dia após dia, durante meses dirigia-se para seu roçado a fim de tratar de sua plantação. Cuidava para que pragas não prejudicassem os brotos. Sol ardendo ou chuva caindo lá ia o homem labutar em seu sonho.
Um dia notou que finalmente haviam brotado frutos, e a cada amanhecer, notava mais e mais. Sua alegria era imensurável, sentia vontade de festejar, dançar, mas se limitava a agradecer. Seus olhos brilhavam de alegria. Até que! Após duas semanas, já refeito de sua euforia inicial, apercebeu-se de que os frutos já deveriam estar com o dobro do tamanho, e apesar da quantidade, a qualidade era frustrante. Consultou um especialista que lhe explicou que a semente utilizada não era adequada à sua região. Arrancou todos os pés, era preciso extirpar toda possibilidade de raízes que houvesse e aguardar o próximo ano para recomeçar. Assim fez.
Novamente, adubou, semeou e dia após dia, durante meses dirigia-se para seu roçado a fim de tratar de sua plantação. Cuidava para que pragas não prejudicassem os brotos e no tempo certo fez as podas necessárias. Chuva caindo ou sol ardendo lá ia o homem labutar pelo seu sonho.
Um dia notou que os frutos brotaram, acompanhou meticulosamente, e feliz ficou ao notar que havia acertado. Sua plantação era farta, saudável e vistosa. Seus olhos se enchiam de orgulho e satisfação. Até que! Um impiedoso temporal de granizo destruiu toda sua plantação. Os frutos agora só serviriam para os pássaros menos exigentes.
Este homem chorou, prostrou-se na varanda de sua casa, e lamentou até o anoitecer. Questionava as forças do universo, indignou-se com Deus, queria saber o motivo de seu insucesso. Eis que ouviu uma voz macia, calorosa pronunciando cada frase com uma ternura e paciência ímpar. Era a Lua! Majestosa, lentamente cruzando o firmamento reluzente de estrelas.
- Querido José! Desde que nasceste podes imaginar quantas vezes já cruzei este mesmo céu? Quantas vezes devido às nuvens nem lembrastes meu brilho?
- Não tenho idéia. Sempre achei que era assim que tinha que ser.
- Foram quase duas mil e quinhentas vezes em cada forma que consegue me ver.
- Nossa! - pensou envergonhado que certamente não teria presenciado tantas aparições. Baixou o olhar, tímido.
- José Querido! Olhe para mim! Minha função é doutrinar O RECOMEÇO. Cabe a mim lembrar-te mensalmente que mesmo sem ser admirada, sem que me notem ou suspirem, nada é em vão. Na semana seguinte retorno de uma outra forma, e insisto depois de outra. Em algum momento, talvez o momento certo, toco corações e desperto paixões...! A aurora surge para iluminar vosso caminho, não deixes de segui-lo! Faças o que tem que ser feito. Não é pertinente ao ser humano julgar-se superior às demais obras divinas. Da mesma forma deves aprender com o mar, a humildade dos verdadeiramente fortes, que soberano, estrondoso e indomável derruba encostas, arrasta cidades, mas que cede e recua mansamente diante da areia tão passiva e silenciosa.
E assim, cada vez que encontrava um contratempo, o homem levantava seus olhos em busca da Lua e seu eterno reluzir, enchia o peito de ar, auspicioso seguia no seu caminhar.