Contos *Menino da rua 07*

É um menino de rua...

Foi o que pensei ,quando vi aquela criancinha que saia do caminho onde mais ninguém passava e parecia assustado,cabisbaixo,maltrapilho,aparentando ter medo das pessoas.

Aquele rosto triste fascinante ficou instigando minha memória.

Eu morava distante dali,na fazenda dos meus avós.

Eu sempre vinha à cidade quando meu pai me trazia para ajuda-lo fazer as compras uma vez por mês, quando ele recebia a aposentadoria.

E depois que vi o menino pela primeira vez,fiquei querendo seguir o meu pai mesmo que ele não deixasse eu o acompanhar.

Passando naquela ruela,eu não esquecia de olhar para o caminho para ver se o menino ainda vinha.

Fiquei preocupada e levei algo escondido na sacola,para ele.Eu sabia o quanto ele passava fome.

Quem será ele?

Eu queria saber,isso da minha memória não saia.

Mesmo sabendo que eu não podia fazer nada,eu me sentia com uma imensa responsabilidade de saber o que acontecia com aquele garoto que parecia ter uns dois aninhos apenas.

Eu pensei uma ,duas vezes e segui no caminho e lá no fundo bem longe

havia um lugar estranho com troncos de madeira velho,espinhos,folhagem secas tudo coberto de matos,era onde ele dormia.

Ninguém ia até lá,por isso quando as pessoas viam eu seguir no caminho secreto todos ficaram me olhando,resmungando.

Era muito assustador,observei que ali havia canteiros,jardins,banco quebrados.

Seria uma praça da antiguidade?

Mas o pequeno com sua inocência regava algumas espécies de plantas.

Ele gostava das flores que exalavam seu cheiro.

Muitas vezes eu colhia uma rosa para oferecer a ele.Ele a cheirava e sorria para mim,com um olhar tristonho.

Uma das vezes,ao chegar no esconderijo do pequeno,ele dormia.

De leve eu forrava o chão com folhagem para me sentar e esperava que ele acordasse.

Eu tinha medo que algum inseto o picasse.

Mas o menino que não me falava seu nome,pedia para me sentar e depois falava.

-poder sentar,não tenha medo que já mandei todos insetos ir dormir.

E sorria.

Certa vez eu ficava espionando de traz do mato,para ver o que ele fazia e tentando que ele me falasse algo sobre sua vida,alguma informação sobre ele.

Um dia eu coloquei um óculos escuros peguei um livro e comecei a ler meio lendo,sem está lendo.

O moleque me observava e logo dizia.

-Já sei quem é você.

E sem falar meu nome ele adiantava.

É Katryni?Nem adianta eu já conheço você e sorria.

Os dias passaram.

Eu voltava a minha humilde casa.Um dia não me contê de ansiedade, precisava falar para o meu Pai.

Um dia contei toda história para o meu pai.Ele ficou surpreso.

Meu velho pai já cansado,mal entendia o que eu estava falando disse:vá novamente a este local.

-Este pobre menino deve ter fugido de seus pais,por ter sofrido maus tratos.

Leve alguma comida para ele.

Eu?

-Mas o que eu levo meu Pai?...aqui só temos um pão?Leve o pão

e agua para ele.

E assim o fiz.

O Natal se aproximava.

Na manhã seguinte ao chegar no local,não vi o garoto que antes nunca faltava naquele triste lugar.

Fiquei assustada.

Meu Deus,o garoto não esta?

Me sentei no velho tronco e fiquei.

Não demorou o menininho chegou meio troncho com os olhos vermelhos e boca vazando pingos de sangue,vinha debaixo do bambuzal que havia do lado e fedia muito.

Sem perceber a minha presença o garoto sentou-se numa pedra.Neste instante me escondi dele.

Foi quando vi que ele chorava e me aproximei.

-Me diz quem é você,eu te levo para minha casa.

Ele com um olhar triste disse.Não sei não.

- Não sabe? porque não sabe?

_Quem é seus pais?

_Ha quanto tempo mora aqui?

Minha mãe me deixou aqui eu era muito pequeno,não sabia de nada era muito pequenino estava engatinhando.

Eu tomava água naquele riacho,onde eu tomo ate hoje.

_Esquece,esquece.

_Eu trouxe comida para você que o meu pai mandou.

Eu não como.

Disse o menino,bebo água e como frutas.

_Não sei o que é isso.

_Tá.Então vem comigo,vou te lavar para minha casa.

Que casa?eu nunca morei numa casa.

_Vamos.Vai conhecer e vai gostar.

Meu pai ensinou a ele tudo.

Ele não tinha nome,mas meu pai deu um nome.João e disse que

a partir daquele dia ele seria nosso irmão.

Ele vivia a vida normal de uma pessoa do mesmo jeito que nós aprendemos meu pai ensinava igual.

Os tempos passaram e o menino cresceu.

E logo no mesmo dia João começou estudar na escolinha que nós todos estudava.

Jorge cresceu como irmão nosso e filho do meu pai,mas nunca nenhum de nos soubemos de onde veio,nem quem seria sua família.

Meu pai não procurou seus pais mas dizia que se a família de João aparecesse,nós tínhamos que se acostumar sem ele.

João teria que ir embora.

Todas as noites nos se reunia para rezar o terço,meu pai orava pela família de João.

Mas João dizia que seus pais eram o meus.

O propio João nunca soube nos falar algo de sua vida,parecia que sua vida começou naquele dia que meu pai mandou que eu o trouxesse para casa.

Meu Pai era um homem de coração bom,minha Mãe também.

Nos recebemos muitas críticas de pessoas,por ter trazido um menino para criar pois eramos muito pobres uma família de oito irmãos,todos pequenos.

Rolou ciúmes dos meu irmão mais novo no começo.Mas tudo passou.

João trabalhou e ganhou dinheiro.

O seu sonho era ir á Portugal.

No dia vinte de maio de mil novecentos e setenta ele viajou e lá conheceu Manuela.

João se casou com a linda jovem Portuguesa que conheceu nas férias em Porto.

Ele veio por muitas vezes visitar nossos pais para felicidades de todos nos.

Nossos pais faleceram.

Nos últimos dias ele me dizia que já é vovô e é muito feliz!

escritorafatimacoelho

escritorafatimacoelhosoar
Enviado por escritorafatimacoelhosoar em 05/11/2013
Reeditado em 15/09/2024
Código do texto: T4558077
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.