O ALFAIATE E O JUIZ

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Versão de uma Parábola Vietnamita

Um dia um homem recebeu a notícia de que acabara de ser nomeado juiz. Ficou tão eufórico que quase não se conteve.

— Serei um grande homem agora - disse a um amigo. - Preciso de roupas novas imediatamente, roupas que façam jus à minha nova posição na vida.

— Conheço o alfaiate perfeito para você - replicou o amigo. - Ele sabe dar a cada cliente o corte perfeito. Vou lhe dar o endereço.

E o novo juiz foi ao alfaiate, que cuidadosamente tirou suas medidas. Depois de guardar a fita métrica, o homem disse:

— Há mais uma informação que preciso ter. Há quanto tempo o senhor é juiz?

— Ora, o que isso tem a ver com a medida do meu terno? - perguntou o cliente surpreso.

— Não posso fazê-lo sem obter essa informação, senhor. É que juiz recém-nomeado fica tão deslumbrado com o cargo que mantém a cabeça altiva, ergue o nariz e estufa o peito. Assim sendo, tenho que fazer a parte da frente maior que a parte de trás. Anos mais tarde, quando está ocupado com seu trabalho e os transtornos advindos da experiência o tornam sensato, e ele olha adiante para ver o que vem em sua direção e o que precisa ser feito a seguir, aí então eu costuro a roupa de modo que a parte da frente e a de trás tenham o mesmo comprimento. E mais tarde, depois que seu corpo está curvado pela idade e pelos anos de trabalho cansativo, sem mencionar a humildade adquirida através de uma vida de esforços, então faço o manto de forma que as costas fiquem mais longas que a frente. Portanto, tenho que saber a quanto tempo o senhor está no cargo para que a roupa lhe assente apropriadamente.

O novo juiz saiu da loja pensando menos no manto e mais no motivo que levara seu amigo a mandá-lo procurar exatamente aquele alfaiate. ®Sérgio.

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Fonte: William J. Bennett em O Livro das Virtudes II - O Compasso Moral  - Editora Nova Fronteira

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Agradeço a leitura e, antecipadamente, quaisquer críticas ou comentários. Volte Sempre!

Ricardo Sérgio
Enviado por Ricardo Sérgio em 25/10/2013
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