A CENTOPEIA

O sol já estava se pondo e lá vinha a Centopeia caminhando lentamente, resolvi lhe perguntar para onde iria a tão bela Centopeia. E ela disse: "Vou indo embora me esconder no alto das colinas". Foi então que olhei atentamente nos seus olhos, notei que estavam abatidos, perdidos, saudosos, com lágrimas. Aquele olhar dizia muito mais que suas simples palavras... Fiquei sem saber o que dizer, mas perguntei quando ela voltaria. Desanimada com voz baixa ela respondeu: "Não sei, estou deixando livre para trás tudo o amo, já não aguento mais não conseguir compreender meu reino, passar por desapercebida... Talvez eu nunca mais volte, ficarei nos recônditos das colinas encarando de perto meu precipício". No mesmo instante ela foi saindo. Fiquei paralisada querendo lhe dar algum conforto. Depois que ela já havia andado uns dois metros a chamei e disse:

"Ah amiga Centopeia vá com o seu coração em paz, descanse, pense, chore, sorria, encare seu precipício, sinta todos as sensações, estas sendo corajosa, vais se achar... Você pode até estar escondida lá nas colinas, mas quem realmente te ama e te quer de verdade vai te procurar e te encontrar, mesmo você estando no pico mais alto e mais difícil das colinas."

Ela me olhou mais serena e continuou seguindo seu caminho

Fiquei olhando-a até que a sua silhueta desaparecesse em meio ao por do sol.