Macacada autista, surrealista
O macaco autista seguia o seu rumo solitário de pular de galho em galho, até que surge uma raposa impostora, metida a cantora. Com seu canto 'emplumado', meio desafinado, chamou a atenção do macaquinho, que seguia, pulandinho de fininho e sozinho - como sempre. Não satisfeita em cantar, começou-lhe a infernizar, lhe perguntar:
- De que tipo de música você gosta?
- Macaco não gosta, só faz aposta.
Não satisfeita pela segunda vez, Raposete prosseguiu em sua enquete:
- Que tipo de arte o atrai?
- Macaco não atrai, não trai, não cai, nem vai, só se retrai.
Já meio enfezada, quase irada, dá-lhe - quase - uma patada, ainda que puramente verbal:
- Escute aqui, ô da macaca, tá de marra ou tá de farra?
Quando o macacautista se preparava para lhe dar uma outra resposta inusitada, um bando de macacos trapezistas surgem do nada, num lance meio teatral, surreal e levam - num passe de mágica - a Raposete da enquete sabe-se lá pra onde, num bonde, não o do tigrão, mas o da consumição.
Moral da estória: melhor - às vezes - calar para não se trumbicar, rumo ao caminho do 'mar', não é mesmo, 'pessoar'?.