REI POBRE, RAINHAS NOBRES




Era uma vez numa terra distante um pequeno reino de cupins, cujo rei era considerado o mais pobre que se tinha notícia. Um rei que não habitava no palácio real. Dispensava serviços de criadagem, condutores de carruagens oficiais, seguranças palacianas, assessores. O rei sabia de muitos dos seus súditos com necessidades diversas. Motivo que o fez abrir mão de 90% do seu salário, doando para obras de moradia a favor dos cupins. Ele tinha uma casa simples, com inúmeras melhorias por fazer. Mas para ele, lá era o seu palácio de verdade. Quanto ao palácio real, as portas eram abertas no inverno para abrigar os cupins menos favorecidos.

O rei tinha vendido uma casa de veraneio do governo para investir em habitação. Como toda nobreza precisa de uma plebe, nesse reino havia uma linhagem inferior, classe necessitada, formada por operários cuja responsabilidade era procurar água e alimentos para a sobrevivência do reino. O rei Mu não queria que a pobreza se transformasse em paisagem. Era seu desejo fazer seu povo feliz, sem queixas na hora de dormir, queria motivos para sorrir...


O reino de Mu estava localizado entre dois grandes formigueiros. Ao norte o reino da Rainha Di, ao sul a Rainha Cri.

A primeira rainha empenhava-se na produção de superávit de ovos. Outro investimento do governo era a armazenagem de maquiagens importadas, para maquiar a economia. Gastou bilhões na construção de arenas esportivas. Deixando de promover serviços sociais na educação e saúde das formigas. Seu temor era um formigueiro culto e bem informado. Foi uma ameaça à realeza quando formigas interagiram na internet combinando passeatas no reino inteiro. Protestando com vários cartazes e palavras de ordem contra a má gestão. Enquanto rainha cheia de saliva, preocupava-se em lamber os ovos que a cercavam. Inventando Ministérios para obter apoio político.

Toda a côrte ficou atônita, completamente perdida, vendo as jovens formigas espalhadas em todos os caminhos do reino. Virou notícia nas mais longínquas terras. A montanha de impostos estava servindo simplesmente para sustentar o poder embriagado com corrupção e as falácias oportunistas.

Ao sul o reino da rainha Cri vivia mergulhado em inflação, numa crise sem fim. O grito das formigas se fazia ouvir através de panelaços. A preocupação da rainha Cri era coibir a manifestação da imprensa. Exercia pressão sobre um grupo de comunicação. Contava com a determinação de um juiz federal para implementar uma intervenção na diretoria da empresa. A rainha ficou possuída quando o jornal publicou diversos casos de corrupção na alta cúpula do seu governo. 


A rainha era mais adepta do "terrorismo simbólico de Estado" do que governar para a classe trabalhadora. Outra das principais preocupações da rainha Cri, era a armazenagem de Botox. A suavização das linhas e rugas de expressão para a sua aparência jovial era um dos grandes projetos do seu governo. seu outro desejo era prolongar-se no poder indicando a sucessora de um formigueiro que estava indo a falência.



Enquanto as duas rainhas preocupavam-se com as aparências e o poder, o rei Mu comprou um trator para trabalhar na lavoura do seu sítio. Ele reinava com simplicidade e sabia que nenhum  poder é para sempre. Tinha uma frase que ele não esquecia:   "na frente da honra vai a humildade".

 
Alberto SL
Enviado por Alberto SL em 20/07/2013
Reeditado em 25/07/2013
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