Uma viagem inesquecível - A Grande Aventura - Capítulo 10 – A descoberta de um novo povo
Cabral, Pero e João andavam apressadamente, já estava anoitecendo e eles nada descobriram até aquele momento, ouviam berros vindo de todas as direções e precisavam saber o que estava acontecendo.
-Vamos nos separar, João você vem comigo, Pero você segue a trilha sempre em frente, preciso saber que inferno está acontecendo com estes homens que não podem ficar à sós um só segundo. Se encontrar algo ou quando escurecer volte à praia, entendido?
Cabral olhava para Pero que sorria animadamente, balançando a cabeça diversas vezes em concordância. Aquela seria a sua chance afinal de poder desfrutar daquele paraíso sozinho e descrever cada planta e cada animal que existia naquele pequeno pedaço de mundo.
-Pois bem, vamos!
O negro seguiu aliviado o capitão-mor enquanto Pero continuava sua viagem.
-Agora sim, vamos lá Pero!-O homem falava consigo mesmo, pegando seu pequenino caderno de anotações e começando a relatar tudo o que seus olhos podiam avistar, até ouvir um som vindo ao longe, alguém estava cantando. Começou a pisar mais devagar, os pés leves como pluma.
Chegou a um pequeno riacho, os olhos se atentaram em uma moça bela que se lavava delicadamente. De pele morena e longos cabelos negros e lisos, de olhos levemente puxados e sem roupa alguma.
Pero sentiu um frio na barriga, tentou se aproximar para olhar melhor, mas o pé se enroscara em um cipó no chão, fazendo-o tropeçar e cair, o caderninho voou de suas mãos, caindo na água.
-NÃO!
Ele berrou inconformado, assustando a pobre moça que saiu correndo mata adentro.
-Não, espere!
Ele gritou, correndo na direção da mulher, esquecendo o caderno no riacho que boiava, sendo levado pela correnteza.
Enfiou o pé na água, estava fazendo muito isso ultimamente, logo poderia ser mestre nesta arte. Sentia o peso da água em suas botas, impedindo-o de ser mais ágil. A mulher dava saltos imensos, se afastando rapidamente dele.
-Eu não vou machucá-la, por favor, não corra, espere!
Ele estava começando a ficar sem fôlego, quando finalmente a viu adentrar em uma grande cabana feita de palha. Parou colocando as mãos nos joelhos e respirando com certa dificuldade, o suor pingava de sua testa e suas roupas colavam em seu corpo.
Ergueu a cabeça e olhou à sua volta. Homens completamente nus, muito semelhantes à moça, de cara e corpo pintado o encaravam com arcos e flechas erguidos mirando-os em sua direção.
-Por favor... -O pulmão estava queimando, ele ergueu a palma da mão no ar, balançando de leve- eu venho em paz...
Ele disse resfolegando, a moça que correra dele colocava a cabeça para fora da cabana em que se escondera, observando-o com olhos curiosos.
Ele teria muito que relatar, encontrara afinal os índios. Passou a mão no bolso da calça à procura de seu caderno, onde estava?
Droga! Perdeu tudo o que tinha escrito ao abandoná-lo no rio! Não acreditava nisso, agora teria de relatar os acontecimentos novamente, seu trabalho seria dobrado e muita coisa com certeza estaria perdida, uma vez que a inspiração já fora embora.
Viu os homens se aproximarem curiosos, tinha que avisar o capitão, mas antes iria ele mesmo descobrir do que se tratava aquela gente, a história seria longa em todo caso e o rei e todos aqueles que lessem a adorariam com certeza.
Mal podia esperar para escrever toda aquela imensa e inesquecível aventura, e quem sabe, dali há alguns milhares de anos as pessoas não considerassem seu trabalho árduo como algo precioso, afinal, ele era o grande contador daquela maravilhosa e inesquecível história do descobrimento do Brasil.
Fim