Uma viagem inesquecível - A Grande Aventura - Capítulo 8 - Não mexa com quem está quieto
Os homens que permaneceram na praia agiam com tranquilidade, afinal não tiveram que enfrentar aquela misteriosa floresta. Alguns se sentavam na areia, saboreando o cheiro vindo do oceano que era magnífico. Aquele lugar encantador possuía algo capaz de hipnotizar a todos.
Bartolomeu olhava para o horizonte, as caravelas estavam calmas no mar e tudo parecia pacato, tão diferente de onde ele viera, uma terra tão distante e movimentada. Ele bocejou se espreguiçando gostosamente. Suspirou exausto, já que aquilo não teria muita novidade, poderia até tirar um cochilo se não fosse pelos outros homens ali tão próximos. Deu mais uma olhadela para o mar e viu uma cobra de escamas onduladas e vermelhas próximo à água. Perfeito! Aquilo seria o suficiente para lhe tirar do tédio.
Meteu a mão na espada e desceu-a com tudo na direção do rabo do bicho, que por muito pouco não foi acertado, fugindo às pressas.
Bartolomeu gargalhava vendo o desespero do animal.
—Ei! O que você está fazendo seu endiabrado?
Vicente vinha na direção do colega, com o olhar fixo no animal que rastejava em sua direção rapidamente.
—Veja só Vicente.
E falando isso baixou novamente a lâmina da espada, desta vez perto da cabeça, fazendo o animal desviar na direção da água, iria se afogar. O homem ria descontroladamente, conseguira tirar aquele tédio do momento.
—Hahaha, pobre ser insignificante Bartolomeu!
Vicente ria junto do companheiro, vendo a cobra se rastejar até sumir nas ondas, certamente estava morta.
—Pena que durou pouco, essa viagem está uma grande chatice e, se você quer saber a minha opinião, devíamos pegar essas naus e fugir, ganharíamos mais como piratas do que como servos do rei.
Barto falava em alto e bom som, chamando a atenção dos outros para si. Muitos concordavam com sua afirmação.
—Não blasfeme homem, se vossa majestade descobrir...
Vicente estava incrédulo com o que ouvia, adorava o rei e seu serviço, achava uma afronta àquela espécie de pensamento.
—E quem vai contar?
Bartolomeu ergueu sua espada na direção de Vicente, alguns homens começavam a incentivar a briga, sem notar em momento algum as ondas gigantescas que se formavam no mar.
Vicente era um homem leal à coroa, jamais apoiaria tais ideias.
—Ande, diga homem!
Bartolomeu insistia, provocando o defensor do rei e da monarquia.
Antes que Vicente pudesse dizer alguma coisa, uma boca gigante desceu na direção da cabeça de Bartolomeu, engolindo metade do corpo e puxando-o para o alto, mastigando e fazendo o restante escorregar para dentro.
Vicente estava boquiaberto, uma imensa cobra que tinha dois chifres na cabeça, de olhos gigantes cor de esmeralda e pele da cor do fogo acabara de mastigar seu amigo revoltado e se direcionava para os demais na praia.
—Bo... Bo... Boitatá!
Vicente gaguejava começando a correr, as pernas estavam completamente bambas e molhadas de urina, sem conseguir fazê-lo se locomover direito.
A enorme cobra abaixou a cabeça, se rastejando para mais próximo dos homens, abriu a boca e soltou labaredas de mais de dois metros de altura, atingindo à maioria ali presente.
Vicente pegou em sua arma, mirou no bicho e atirou, no segundo seguinte a calda da mesma bateu em sua mão, fazendo o revolver voar longe, indo parar no meio do oceano. Rapidamente Vicente se viu preso no ser que se enrolara nele, esmagando seus ossos lentamente. Balançando a cabeça, o Boitatá mirou nos sobreviventes que restavam. Os berros eram terríveis, os homens estavam sendo queimados vivos, a praia estava em chamas, a areia antes branca tornara-se preta como carvão. Se o inferno existia, estava presente ali naquele exato instante.
continua...