Uma viagem inesquecível - A Grande Aventura - Capítulo 1- A festa

Era fim de tarde e as pessoas andavam animadamente pelas ruas, pois tinha acabado de ser anunciado pelo Rei Dom Manuel I que ocorreria uma expedição à Índia em busca de especiarias valiosas e, por este motivo, precisariam de tripulantes capazes e dispostos a se arriscarem nessa aventura. Todos estavam ansiosos.

As preparações estavam corriqueiras, pois haveria uma imensa festa de despedida ao anoitecer para aqueles que decidiram apostar suas vidas nessa expedição. O medo era crescente, pois muitos iam e não voltavam, sendo engolidos pelo mar profundo.

As crianças corriam pela rua com seus novos brinquedos, marinheiros e navios de madeira, a sociedade estava vivendo uma sensação de felicidade e ao mesmo tempo de medo.

Pedro estava feliz com essa notícia, conseguiria afinal a grande oportunidade que tanto desejava, viver no mar era seu sonho desde pequeno e finalmente sua hora tinha chego. Seria uma vida nova e desconhecida, cheia de surpresas pela frente.

Ele se encaminhava em direção a grande praça central, onde pessoas acomodavam vários pratos típicos em cima de uma comprida mesa de madeira para a comemoração.

Tinha de tudo de mais gostoso que se pudesse imaginar: desde arroz doce, caldo verde, fios de ovos, até pasteis de bacalhau, cozido à portuguesa, entre outros quitutes maravilhosos. Ele sentia a boca salivar e se encher d'água, estava tudo muito bonito e ele não via a hora de começar a devorar até não aguentar mais. Não que fosse um esfomeado, mas tinha que admitir que não era todos os dias que surgia a oportunidade de fazer refeições glamorosa, sendo ele filho de um simples escrivão, e aquela seria a oportunidade para tirar a barriga da miséria, por assim dizer.

Aproximou-se de uma senhora rechonchuda de vestido florido com o cabelo preto e brilhoso preso em um coque apertado, que admirava os pratos silenciosamente.

—Boa tarde Dona Maria!

Ele sussurrou baixinho, próximo de seu ouvido, fazendo-a saltar de susto, se virando às pressas, completamente estabanada, encarava-o com ar de irritação, com as sobrancelhas franzidas e os lábios crispados.

—Boa tarde!

Falou rispidamente e voltou sua atenção para a mesa, ignorando-o por completo.

—Está tudo muito bonito, principalmente este prato — Disse apontando para uma travessa azul trabalhada em fios de ouro nas bordas, possuindo um conteúdo curioso de coloração esverdeada, prato no qual o olhar da mulher se encontrava fixo — Foi a senhora quem fez?

A mulher arregalou um sorriso de dentes amarelos e entrelaçando os dedos em frente a grande barriga, olhou para ele alegremente.

—Ora, pois foi sim, está uma beleza não está?

Ele gargalhou vendo a alegria espontânea da mulher. Dona Maria era assim, carrancudona, mas bastava dar-lhe um elogio e pronto! Já ficava toda feliz da vida.

Ela apertou as bochechas dele fortemente, entusiasmada com o que acabara de ouvir, alguém reconhecera seu trabalho afinal.

—Está sim senhora, meus parabéns!

Ele massageava as bochechas que agora estavam doloridas e vermelhas.

—Maria, onde você está mulher?

Roupas vermelhas e justas, que agora abaixava uma corneta.

—Cidadãos, eu trago um anúncio do Rei!

O homem em cima do cavalo negro falava em um tom alto e imponente.

—Vossa majestade convoca homens corajosos para representarem-no em uma expedição às índias, e os que desejarem ter esta grande HONRA... — O homem parou de falar por um breve instante, dando ênfase à palavra. — Devem se apresentar imediatamente! O oficial Joaquim estará recebendo as assinaturas, então poderão fazer suas... — Os olhos dele passaram brevemente por todo o local, observando as mesas fartas de alimentos. — comemorações — Voltou a falar, se focando nas pessoas —Lembrando que é primordial que todos os alistados estejam presentes amanhã aqui para embarcarem às seis da manhã em ponto!

O homem deu meia volta com o cavalo e saiu galopando para longe, seguido pelos homens que estavam montados em cima dos cavalos brancos, deixando para trás o dono da corneta que já descia de seu cavalo e desenrolava um pergaminho se direcionando para uma mesa.

—Atenção! Façam uma fila para assinarem este pergaminho.

Disse o oficial Joaquim, criando um pequeno aglomerado de homens em torno de si, fazendo-o desaparecer em meio aquela multidão. Pedro olhou para Isabel que se mantinha calada e séria, assim como para a baronesa que escancarava um sorriso de escárnio.

—Senhoras, se me derem licença!

E fazendo uma leve reverência com a cabeça, foi na direção de onde se encontrava a imensa fila de homens.

continua...

Jéssica Curto
Enviado por Jéssica Curto em 02/07/2013
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