O programa do Zé Chipanzé

Toda a bicharada reunia-se nos dia de domingo, para assistir ao Programa do Zé Chipanzé, Uma voz interior transmitido ao vivo naqueles tempos em que a tecnologia ainda não dotara as emissoras de tv com o vídeo tape. Era um programa de auditório e de variedades, com vários quadros interessantes, despertando a atenção de todos os animais. O clímax da audiência era alcançado no quadro “Prêmios da Nave do Chipanzé’, quando o apresentador colocava o concorrente numa cabine fechada, de costas para o palco e os respectivos prêmios, e acionava um sinal luminoso vermelho. Nesta hora, os participantes tinham que responder bem alto “sim’ ou “não’ a um a um dos prêmios que lhes eram oferecidos, até que o tempo de um minuto findasse. Naquele dia, o Zé Chipanzé já havia feito com que o porco e cachorro saíssem praticamente de mãos abanando, após oferecer prêmios caros muito valiosos. Os dois participantes ficaram oscilando a cada vez que a luz acendia e, assim, na indecisão, acabaram provocando risos do apresentador e o desespero da plateia, que, impotente, via tanto um como o outro trocarem inadvertidamente um carro zero quilômetro por um pacotinho de amendoim torrado, ou pior.

Para completar o quadro ( sempre com três participantes), fora chamada a raposa, sob uma chuva de aplausos e assobios. Ela, modesta e humilde, após uma rápida entrevista com o apresentador, entrou na cabine; ficou observando o sinal, tentando adivinhar o que lhe reservava o destino. Uma voz interior soprava as respostas, cada vez que a luz acendia, dizendo que iria ganhar o prêmio máximo.

- Finalmente, dona Raposa, como sua última oportunidade, vou oferecer à senhora este carro zero quilômetro, para que me diga se troca pela caixa de fósforo usada que aceitou anteriormente – falou em tom de suspense o animador Zé Chipanzé, perante a plateia apreensiva, esperando a resposta da raposa. Esta, contando mentalmente o tempo que estava se passando, desconfiou que aquela era a última oferta. Olhou fixamente para o sinal luminoso ainda apagado e ficou imaginando o deveria responder; quando o sinal acendeu, ela demorou uns cinco segundos e, com toda força, gritou a resposta.

- A senhora aceita? – perguntou finalmente Zé Chipanzé.

- Sim! – respondeu a raposa.

Naquele instante, dois orangotangos abriram a cabine e trouxeram a participante, para saber o prêmio que ganhara.

- Dona Raposa, está na hora de saber o prêmio que conquistou – disse o apresentador em tom de suspense – a senhora acha que foi este copo de vidro, esta caixa de fósforos ou o carro zero quilômetro?

A raposa, muito segura de si, respondeu que era o carro.

- Pois a senhora errou – retrucou Zé Chipanzé – Tome sua caixa de fósforos e vá para o seu lugar...

A raposa, impassível, não se mexeu. Disse ao símio que esperava a chave de seu novo carro. Após muito suspense, com a plateia, calada, por causa de uma placa que indicava que não era para se manifestar, finalmente apresentador Zé Chipanzé revelou que ela realmente ganhara carro. Mas, depois de entregar as chaves, fez uma última pergunta:

- Diga-me, por que a senhora tinha tanta certeza de ter ganho o carro? – indagou o macaco com o procedimento da raposa.

- Não sei, só sei que sabia!... Dizendo isso a raposa foi para o lugar dela na plateia, aplaudida de pé, enquanto assistia à chamada final do programa, cuja audiência nunca mais fora superada em toda floresta.

MORAL: Nunca deixe de acreditar na sua intuição, verdadeira casa do destino.

Moysés Severo
Enviado por Moysés Severo em 21/06/2013
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