O menino das nuvens
O pequenino passava o tempo todo deitado, sentindo o cansaço nos ossos. Assim para passar o tempo sonhava dia dentro, noite afora.
Primeiro sonhava ser um bombeiro, em meio a chamas, resgatando idosos e bebês; ou quem sabe numa missão ainda mais perigosa e misteriosa. E dava asas à imaginação: Como e o quê seria a outra aventura.
Por outras vezes, queria mesmo era estar no comando de um avião,
rasgando o céu cheio de nuvens, e tendo o controle do manche à sua mão. Tudo para cumprir sua sublime tarefa: Ver se no céu, realmente, existiam anjos. Como os imensos e belos arcanjos, ou pequeninos, fofos e imprevisíveis querubins, que se pareciam com ele.
Seus olhos ardiam, a cabeça pegava fogo, pelas horas de sono que ele perdia. Mas, ele tinha que desvendar tais segredos. Às vezes, o esforço era tamanho que lhe doiam as costas, impedindo-o de recostar nas almofadas da cama, ou poltronas. Aí, então, ele fazia ginástica, se retorcia, pedia à mãe um remédio.
E os dias transcorriam alegres, pelos sonhos, que nem percebia que não tinha muitas diversões, como as outras crianças.
Foi numa manhã fria que como que uns carocinhos entumecidos apareceram em suas costas. Fez malabarismos frente ao espelho, tendo outro espelho às suas costas, para enxergar melhor o que havia; até perceber um pontinho branco em cada caroço.
Nem ligou, esfregou bem o local e seguiu sua rotina. Até dar-se conta, noutro dia, que dos caroços saiam uma peninha branca, tal qual de passarinho. Achou engraçado e diferente e não se preocupou.
Finalmente numa noite, em que não conseguia pegar no sono, pois algo incomodava-lhe muito. A blusa de seu pijama estufara e estava apertada. Pensou ter engordado, mas resolveu trocar o pijama. E percebeu que havia muitas outras penas alvas, que se abriam como um leque.
Ao mesmo tempo, uma força estranha movimentou-as frenéticamente, levitando-o e tirando seus pés do chão. A princípio levemente, rumo à janela que estava aberta. Aí então, ele deslizou devagarinho por entre as folhas da mesma e voou rumo às estrelas, que lhe piscavam intermitentemente, saudando o seu mais novo amiguinho anjo.