Cores do vento

E mais uma vez a garota sentada no balanço chorou,

o sol de domingo nem sempre nos aquece pensou sozinha,

aquele que disse que o inverno vai embora com a primavera,

nunca sentiu o longo frio da solidão dentro de seu coração.

"Já não é a primeira vez que trás seus prantos para mim",

disse o pássaro que pousou sobre o ipê que florescia,

a garota já vermelha de tanto chorar segurou suas lagrimas,

"Não os trago para você, trago para este parque"

"Você chora por aquele que você não tem ao seu lado?"

agora o sol reluzia no amarelo das pétalas levadas pelo vento,

"Já lhe falaram que o domingo trás dores passadas?",

perguntou o pássaro triste pela garota.

"Você sabe pelo que sofro. Como sabe o que não foi falado?"

suas pernas embalavam o balanço em um ritmo reconfortante,

"Nem sempre as palavras são proferidas pela boca,

já parou para ouvir seu coração?"

"É doloroso demais ouvir algo tão sozinho"

as lagrimas da garota voltaram a cair,

"Deve ser bom saber voar, não é?

Ser livre para não precisar chorar por ninguém"

O silêncio deu espaço para o assoviar da brisa fresca,

quase se podia ouvir o som das lagrimas que caiam na terra,

"Você pensa que ser livre é não chorar por ninguém?"

então o pássaro cantou sua musica mais triste.

"Você também é muito triste não é? Você também é sozinho?"

disse a garota arrependida pelo seu egoismo,

as vezes achamos que somos os únicos que sofrem no mundo,

mas não paramos para pensar naqueles que sofrem por nós.

"Sou feliz por ter sido triste, sou livre pois já estive preso."

O pássaro voou até o ombro da garota,

"Ser livre é aproveitar o momento de tristeza e de alegria,

é guardar os sentimentos em sua coração para que sejam eternos"

A garota limpou suas lagrimas em seu casaco,

"Como algo tão pequeno pode ser tão grande",

colocando o pássaro em seu dedo ela deixou que ele voasse,

bastou apenas um sorriso para agradece-lo.

Feliz é aquele que sabe o valor de um sorriso,

livre é aquele que sorri nos momentos tristes,

amado é aquele que não se priva de amar,

porque na vida tudo passa como uma brisa de primavera.