O REINO DOS PORCOS
O Príncipe olha pela janela e contempla o vale de seu reino, onde a prole movimenta-se freneticamente de uma lado para o outro em busca de trabalho, para o sustento diário. Ele observa cada movimento, como se não fizesse parte daquilo, pois, para ele, a prole nada mais é que um mero grupo de insetos, que pisoteados, acabam por morrer e assim, ter um fim de uma vida que lhes foi destinada pela própria natureza divina. Nada pode ser feito, afinal, eles são a prole, eles são os miseráveis, que devem com sua labuta, sustentar o reino e seu príncipe juntamente com seus súditos, sem direito à uma vida digna, afinal, nasceram para ter esta missão, nasceram para sofrer e morrer pisoteados. O Príncipe sequer os olha nos olhos, pois, nem olhos eles tem, ele acredita que a prole não enxerga, pois se enxergassem, não viveriam da forma como vivem, e se tivessem visão, poderiam sair da situação que vivem. O Imperador disse certa vez, que a prole, era invejada pelos ricos, pois estes últimos desconheciam a satisfação do prazer do descanso, após um dia de labuta, pois são ociosos, coisa que a prole não é, isto ficou impregnado na cabeça deles, muitos acreditaram, e continuaram a trabalhar diariamente, para usufruir de tal prazer que os ricos não podiam ter. O Príncipe, no alto da torre, olha para baixo, vestindo uma túnica bordada com fios de ouro e sapatos de couro alemão, cospe pela janela como forma de repúdio à prole que lá embaixo movimentava-se de um lado para o outro, e diz ao Imperador: Vermes malditos, quem sabe um dia, possamos juntá-los aos porcos em uma mesma moradia, assim, economizaremos comida, água e quem sabe, não mais precisaremos realizar eleições!