Donzelas no mangue
Castas donzelas, não se sabe como absortas, pois não tinham nada para pensar, rumaram, inadvertidamente em direção a um mangue, enlameado, lodoso e com uma fauna não condizente com donzelas, de longas saias claras e alvas; os sapos existentes ali não lembravam os batráquios que permeiam história s de fadas.
Que ironia, um louva Deus, ou querendo brincar, ou querendo louvar ao Senhor, ou, ainda, querendo ver de perto a beleza da menina, se aproximou de uma delas; e que bom gosto ele tinha, de todas era a mais bela, além de frágil e coquete. O espanto e o medo que dela se apossou comparava-se à altura de um mangue branco, árvore que avançava vinte metros em direção ao céu, quase não visto de onde a cena se desenrolava, mas que abrigava a uma platéia de aves a que tudo assistia.
Sem rumo a menina que fugia do louva Deus também fugiu do grupo e penetrou no mangue mais que a cautela aconselharia: sujou suas sandálias prateadas, sujou seu vestido de rendas e não se fez ouvida pelas suas amigas, como também não ouviu o grito de todas que a chamavam. Ninguém ouvia, mas também ninguém seguiu a menina que fugia e a fauna, não compatível com meninas que têm medo, abraçou de vez aquela imprudente
Devorada a beleza, não se sabe se o mangue se fez mais belo, mas não se deve deixar de acreditar que o louva Deus agiu de forma inocente e que todas as demais meninas fugiram, como fogem as donzelas, que não têm nada a pensar