Sapinha namoradeira.

Essa é mais uma que escrevi para minha filha Fabíola quando ela tinha uns 7 anos.

Amo voce filhota,minha amiga,meu amorzinho.

Chegou a primavera!!

A noite úmida e quente chegou após uma bela chuva de verão; Foi tudo o que a bicharada queria para fazer a festa a beira do riachinho.

A lua cheia clareava o pequeno rio cercado de florzinhas e matinhos verdinhos.

Besouros,borboletinhas voavam em volta da luz do poste bem próximo do riachinho onde suas aguas desciam fartamente da chuva que tinha caido e brilhava pelos pisca pisca dos vagalumes e do reflexo da lua que parecia sorrir no céu.

Era só paquera por ali,todos queriam arrumar uma namorada,um namorado,ja estavam mocinhos.

Uma sapinha muito bonitinha, se arrumava na frente do pedaço de espelho caprichosamente no seu quarto,ja tinha passado o batom e agora se perfumava com cheirinho de alfazema que a mãe dela tinha feito.

Estava ansiosa!Queria arrumar um namorado .

Colocou seu vestidinho branco de bolinhas vermelhas,um laçinho todo vermelho de cetim na cabeça e saiu toda faceira para a margem do riacho onde reunia a sapaiada.

O som tomava conta do lugar;Era sapo tocando violão,outro pandeiro,outro coachando alto estufando o gogó...outros exibindo seus bonés,roupas novas coloridas,faziam de um tudo para serem escolhidos e as sapinha exibiam seus vestidos,laços,fazendo charme para os sapinhos.

Nina toda esperançosa,olhava para um,para outro,mas nenhum dava aquele olhar de peixe morto...sapo morto para coitada.

Ela fazia pose,mexia no vestidinho rodado,no laçinho e nada.

_Quero namorar tambem ...pensava.

Não queria parecer oferecida ,como a mãe dela ensinou,mas ninguem a notava.

Aproximou do que tocava violão e piscou os cílios várias vezes e até tentou cantar junto umas estrófes sem saber a letra e...ele nem tava ai para ela;Viu um que dançava samba sem parar, foi la pertinho e ele nem a olhou,nem a chamou para dançar.

_Quero namorar,como se faz isso?Pensou ela.

Uma turminha cantava e dançava funk,tentou dar uns passinhos rs,mas o pessoal nem a notou tambem.

A noite passava lenta,a sapinha ja cansada e triste acabou subindo numa pedra e de lá observava a festa.

De repente ouviu um barulhinho e ao seu lado apareceu um sapinho meio desengonçado mais simpático.

Era meio magrelo,usava uma bermuda larga vermelha de bolinhas brancas,uma camiseta branca e larga tambem.

Ficou olhando para ela todo tímido o pobre sapinho magrela e como ele não disse nada, Nina lhe disse um olá e destrambelhou a falar de como a festa tava boa,que som manero e que estava ali só para descansar um pouquinho ,estava cansada,tinha dançado muito(só para impressionar )patati...patatá.

Ele timidamente depois de meia hora ouvindo, falou que só veio dar uma olhadinha na festa,tinha vergonha de conversar e dançar e assim desencadeou um papo gostoso o resto da noite.

Falaram sobre musica,dança,o que gostavam de fazer ,o que curtiam na escola,o que gostavam de comer até que a sapinha ouviu sua mãe chamar.

O sapinho magrela foi com ela até a sua casa e se despediram ainda rindo das conversas.

Na manhã seguinte se encontraram no portão da escola e entraram juntos,rindo da coincidência batendo papo,no recreio voltaram a conversar.

A sapinha que paquerava todo mundo la na escola,começou a dar só atenção p sapo magrela e ele feliz por ter arrumado uma amiga a esperava para comerem o lanche juntos.

A amizade foi crescendo e só se via os dois juntos rindo,pulando altura e conversando;Ela ja não saia de casa sem batom ,perfume e as unhas pintadas ansiosa para ver o novo amigo e ele tambem,contava as horas para ver a sapinha.

A mãe dela notou a mudança;A filha ja não ficava na janela paquerando todo sapo que passava,ja não queria ir na praça do jardim ver o pessoal coachar,nem ficava de olho nas revistas de sapos modelos ,atores...

E um belo dia ,ele não apareceu na escola,disseram que ele tinha sido beijado por uma linda princesa e tinha virado príncipe,que maldade!!Ela chorou muito,dia todo,nem mosquinha quis...

O sapo magrelo sumiu!!

Nina passava horas em cima da pedra que o conheceu .

E um desses dias de tristeza,esborrachada na pedra,sem ânimo,ouviu um barulhinho e?

O sapo magrelo,mais magrelo ainda apareceu do lado dela e ficou olhando para ela sem falar nada e para variar ela destrambelhou a falar (ele adorava isso)e ele pode responder aproveitando que ela deu uma respirada e contou que esteve trabalhando fora,não teve jeito de avisa la,mas sentiu muita saudades dela e a pediu em casamento.

Nina assustada ficou muda um instante,só um instante rs,aceitou o pedido rapidinho e ja começou a fazer planos , ele sorria ouvindo,se apaixonou perdidamente por ela.

Lua cheia,calorzão,borboletas,vagalumes,besouros voavam em redor da luz do poste ,havia chovido e as águas desciam o riachinho cantando por entre as pedras se misturando ao conversê dos sapos que aguardavam a entrada da noiva e observavam o sapo magrelo ,todo bonitão e ansioso no altar.

Os acordes de uma musica linda silencia a todos e Nina entra feliz, vestida lindamente de branco com um laço vermelho, entre as colunas de luzes dos vagalumes ,pisando nas folhas do chão que formavam um lindo tapete verde ...e a lua parecia sorrir olhando lá em cima, no céu azul, como se ja tivesse certeza que isso iria acontecer.