O menino, o corvo e o pombo
O menino sonhava todos os dias o mesmo sonho. No seu sonho aparecia um pombo branco, delicado, que emitia sons suaves e trazia a paz. Mas da janela de seu quarto ele só via um corvo preto. O corvo tinha se instalado num galho e de lá fazia "crá-crá-crá".
Com o tempo o menino começou a ter rancor do corvo. Tentou espantá-lo - gritou, ameaçou, e finalmente jogou nele pedrinhas - mas o corvo sempre voltava a seu galho e ficava ao lado da janela do menino.
Os dias passaram, sem nada mudar. Exasperado, uma noite, antes de dormir o menino rezou a Deus: "Deus, faça com que esse corvo preto e feio desapareça e que em seu lugar venha um pombo branco e bonito que enfeite os meus dias".
Durante a noite o menino pensou que ouvia sons esquisitos, agonizantes. "Deve ser só um sonho", pensou, e continuou a dormir.
Na manhã seguinte ele acordou e notou que havia algo diferente. Não tinha "crá-crá-crá". Ele saiu ao quintal, e no chão percebeu o corvo. Morto. O menino se aproximou do corpo e notou que ao seu lado estavam espalhadas algumas penas alvas.
Perplexo, o menino foi ao seu pai, contou-lhe sobre a prece e o corvo, e o sábio pai lhe explicou: "Filho, o corvo tanto gostava de você que, quando o anjo de Deus apareceu em sua frente e comandou que ele saísse do lado da sua janela para que o pombo pudesse trocá-lo, ele caiu aos pés do anjo e suplicou deixá-lo onde estava, prometendo que ele iria transforma-se em pombo. A alma pura do corvo conseguiu produzir algumas penas brancas, mas o esforço foi tanto, que o seu pobre coração, dentro do qual você estava, não mais aguentou, e o corvo suspirou e morreu".
Em lágrimas, o menino voltou ao lugar onde jazia o corpo do corvo, e lhe enterrou no quintal, dizendo a si mesmo, que agora ele entendia o significado do amor.