O VELHO CAPITÃO E SEUS DEVANEIOS
Uma incrível viagem ao passado
Hoje me veio à reminiscência
Elucidando-me, fatos decorridos
Que em tempos ficaram arquivados
Foram passagens e quesitos emocionantes
Momentos arquitetados de belos horizontes
Que ainda agora, desdobra em minha memória
Um tanto quanto deslumbrada, eloquente
Foi a bordo de um grande navio
Numa missão do Brasil para Portugal
Que conheci um distinto cidadão
Um antigo e renomado marujo
Um imponente e velho, capitão
O velho capitão
Assim como nos foi apresentado
Da mesma forma todos os tripulantes
Daquela imensa embarcação o abordava
Navegando pela imensidão das águas distantes
Sobre as bravias ondas d’um oceano desvairado
Dizia-nos o velho capitão sem tropeçar nas palavras
Que sua arcaica tataravó
Possuíra em seu sobrenome
O mesmo que registrado foi
O grande navegador, Pedro Álvares Cabral
Pois ela haveria sido a irmã caçula
Da mãe desse aí que varreu nosso quintal
Historíolas... Muitas fábulas se revelaram
Durante aquela longa e inesquecível turnê
No interior incomensurável daquela embarcação
Aonde se encontraram pessoas de todos os tipos
E de quase todos os países deste planeta
Mas o mais interessante daquela viagem
Sem dúvida alguma, foram os causos
Aludidos com a ênfase do velho capitão
Que às vezes se conservava alojado
Em sua aristocrática e confortável cabine
Adicionado a tal grandeza que lhe envolvia
Ali eu o ouvia e ao mesmo tempo o via
Com as mãos agarradas a barra do leme
Levando-nos por caminhos de águas profundas
Mas permanecia sempre a contar-me de seus feitos
Algumas de suas fábulas eram meio sem nexo
Em outras obtinha minha suma prudência
De todos aqueles contos, que velho capitão
Narrou-me durante aquela esplêndida estada
Em sua legendária e majestosa caravela
O que mais me abordou foi uma historieta
A qual ele descrevera várias e repetidas vezes
Sem nem mesmo se conter dos enigmas
Parábolas bosquejadas a fogo e ferro
Fatos que o restringia a minutas abstrações
Talvez fosse para ele uma antiga íngua
Que já não houvesse mais nenhuma cura
Mas lhe confesso que marcou na memória
Aquela ousada e transcendente história
Que neste mesmo instante
Estarei a descrevê-la de tal forma
Que por mim foi compreendida
Como narrava o velho capitão
Que não tinha papas na língua
Eu também narrarei
Escute marujo não saia desse lugar
Se afaste um pouco pra lá
E sente-se acolá naquele tenro sofá
Mas se acalme e se ajuste
Pra que essa prosa não assuste você
Então lhe digo
O que comigo se sucedeu
Num passado longínquo
Foi o seguinte: por conseguinte
Naquela época navegávamos pelos mares
À procura de tesouros perdidos
Tinha eu, em meu poder
Uma bela e irreverente caravela
E sobre ela eu e minha fiel tripulação
Por quantas marés altas e baixas atravessamos
Inúmeras foram as tempestades e gigantescas ondas
Ainda enfrentamos enormes animais marinhos
Como as Orcas
Que numa certa ocasião nos atingiram pelo casco
Mas numa destas
Incessantes buscas mares adentro
Como estávamos no ápice do verão
Nossa água potável já estava escassa
Então o imediato
Chegou até mim e disse-me:
Velho capitão há terra à vista
Vamos nos atracar nesta costa
E poderemos nos abastecer de água de beber
Mas o velho capitão já teria outros planos
Queria seguir por uma rota contrária
Àquela a qual teria lhe sugerido seu Imediato
Contornando a direção de sua embarcação
O velho capitão a direcionou no sentido
O qual seria seu destino
Ao entardecer o velho capitão
Deitou-se para seu repouso diário
Se aproveitando de tal situação
Seu comparsa de confiança o Imediato
Desrespeitando as ordens a ti confiadas
Este desvirtuou a embarcação
Para um outro destino
Destino o qual ele havia anteriormente
Sugerido ao velho capitão
Contrariando ainda mais a situação
Quando na costa a caravela se atracou
O Imediato que já tinha certa experiência
Sobre a questão
Sentiu o cheiro do dourado no ar
Como o velho capitão encontrava-se
Adormecido em seus aposentos
Resguardado no interior de sua caravela
Caiu, como uma luva para o Imediato
Que aos demais marujos
Imediatamente induziu
Clarificando-lhes os olhos aos instintos
Oferecendo-lhes pequenas parcelas do poder
De todo aquele tesouro
Que reluzia diante aos seus devaneios
De tão esperto planejara tudo com cautela
E assim aconteceu
Com uma grande precisão retiram todo ouro
Que seus desvairados olhos conseguiram atingir
De repente
Tiveram uma surpresa "surpreendente"
O velho capitão se despertara
E sem muito entender
Tudo o que estaria acontecendo realmente
Uniu-se a seus marujos parabenizando-lhes
Por tão grandioso feito
A descoberta daquele ouro
Mas não sabia o velho capitão
Que estava por ser traído por toda sua tripulação
O Imediato mais que depressa
Disse ao velho capitão que não queria incomodá-lo
E que haveria passado por uma gatesca tempestade
Daí a caravela se desorientou tomando outra rota
Sendo lançada àquela costa dourada
Não desconfiando de nada
Muito menos ainda
De seu Imediato e de seus marujos
O velho capitão ordenou
Que alguns deles fossem até a caravela
E trouxessem de lá alguns tonéis de Rum
E algumas mantas de carne seca
Para que fizessem uma grande festa
Em comemoração ao que havia sucedido
Beberam e comeram a vontade
Enfim, fizeram a maior algazarra
E ao velho capitão embebedaram
Deixando-o estirado ao chão
Pelos meados daquela madrugada
Içaram as âncoras da embarcação
Levando todo o ouro retirado daquela ilha
Deixando a deriva o velho capitão
Que naquele lugar teve que passar
Por alguns sofridos anos de sua vida
E dali, ele só conseguiu se safar
Porque um filantrópico almirante
De uma esquadra marinha
Ao atracar naquela bela ilha
Percebeu que por ali
Parecia que havia alguém perdido
Quando de repente, o velho capitão
O avistou e lhe pediu socorro
O caridoso almirante como era muito religioso
Então lhe deu uma guarida, e lhe socorreu
Foi essa a mais interessante historieta
Que ouvi do velho capitão a contar-me
Numa remota viagem, numa correlata missão...
Autor: Valter Pio dos Santos
15/Set/2012