Os Encantos do Bradaluz:
No interior do Maranhão vivia um casal com sua filha ainda pequena.
Passando-se alguns anos, a mulher ficara muito enferma e viera a falecer.
Com seu esposo ficara, então, a responsabilidade de criar sozinho a filha ainda pequena.
Havia, no entanto, dentre seus vizinhos, uma mulher que vivia só, e que, quando o pai da menina saía para trabalhar cuidava da menina...
Certo dia a mulher, vizinha da menina e de seu pai, dissera a menina:
"Fala pra teu pai casar comigo, pra eu cuidar mais de você".
Quando seu pai chegava do trabalho, a menina lhe dizia:
"Pai, casa com a vizinha, ela é tão boazinha pra mim, ela faz tudo pra mim, ela me dá sopinha de mel..."
Entretanto, o pai lhe dizia:
"Filha, filha, hoje ela te dá sopinha de mel, amanhã ela te dá sopinha de fel".
Porém a menina muito ingênua continuava a pedir ao pai que se casa-se com a vizinha.
Certo dia, o pai da menina lhe chamou e disse:
"Tá bom, se a vizinha cuida tão bem de você minha filha, eu irei me casar com ela".
O casamento deles foi muito bonito, porém,
o temível acontecera!
A vizinha, que agora era mulher de seu pai e sua madrasta tornar-se uma bruxa!
Quando o pai da menina saía para o trabalho, a mulher colocava a menina para fazer todas as tarefas de dentro de casa enquanto ela ficava batendo papo com as vizinhas.
Todos os dias, quando ia para o seu quarto, a menina desabava em prantos.
Porém num certo dia, quando a menina fora buscar água no rio ela encontrou um peixinho e colocou-o numa latinha.
Todo dia, quando a menina ia buscar água para a sua madrastra ela conversava com o peixinho que se tornara o seu melhor amigo.
Passaram-se os tempos e o peixinho crescera e tornara-se bem grande, não cabendo mais na latinha onde a menina o pusera desde seu primeiro encontro com ele.
A menina então tirara o seu amigo e o colocara no rio.
Porém, todo dia ela ia, pela manhã, levar comidinha para o seu "peixinho" que já estava grande.
Para chama-lo e traze-lo ao seu encontro, a menina chegava na beira do rio de cantava:
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou",
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou".
Aí o peixe vinha, ela dava comida pra ele, ficava alguns instantes com ele e depois ele ia embora.
A madrasta, porém, desconfiava da menina, pois todo dia, no mesmo horário da manhã a menina saia de casa e ai para a beira do rio.
Num certo dia, quando a menina saía para encontrar com Bradaluz, sua madrasta a seguira, e chegando lá, ouvira a menina cantar:
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou".
Viu a menina alimentar seu grande amigo e viu também a alegria com que a menina voltara para casa.
Foi aí que a mente maléfica da madrasta entrou em ação.
Ela decidira matar Bradaluz.
Foi quando ela voltou à beira do rio, e começou a cantar:
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou",
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou".
Ouvindo aquele chamado, Bradaluz veio à beira do rio pensando que era a sua amiga, foi quando, pondo sua cabeça para fora, viu a madrasta da menina com um facão na mão.
Foi então que o pior acontecera:
A mulher atingira Bradaluz, cortando-o.
No dia seguinte a menina viera à beira do rio, como era de costume, e cantou:
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou",
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou".
Foi quando Bradaluz veio, triste e disse a menina:
"Olha, tua madrasta, passando-se por você, veio aqui me chamou e me feriu. Por isso eu nunca mais poderei voltar aqui para encontrar-te".
Disse mais:
"Sou um príncipe encantado, e meu reino é do outro lado do mundo. Pra você ir até lá e encontrar-me tens que passar pela 'casa do vento', pela 'casa do sol' e pela 'casa da lua'. Porém, para chegares até lá tens que matar um boi, e fazendo de conta que vais lavar o fato do boi, e quando os urubus vierem para comer o fato do boi, tu se juntas a ele, que os urubus vão levar-te consigo para o outro lado do mundo Leve também uma faca para que quando chegares do outro lado do mundo, tu possas cortar o fato do boi e então descer e ir ao meu encontro".
Como, por diversos dias, a madrasta da menina dizia ao seu pai que estava com muita vontade de comer um boi que eles criavam, a menina decidira pedir ao pai que mata-se o boi.
O pai então matou o boi, e logo em seguida dissera a sua mulher que fosse lavar o fato do boi.
Entretanto a mulher não quis ir e mando que a menina fosse em seu lugar.
Chegando lá a menina entrou dentro do fato do boi e ficou ali, foi quando os urubus vieram e levaram o fato com a menina.
Chegando ao outro lado do mundo, a menina cortou o fato e desceu à terra firme.
Tomou banho no rio, se arrumou, e andou, andou, andou...
E passando algumas horas a menina avista uma casinha, bate palma e pergunta, onde fica a "Cidade Encantada".
Uma senhora lhe atende, lhe convida pra entrar e lhe diz:
"Filha, eu posso sim te dizer onde fica a "Cidade Encantada", porém tens que passar a noite aqui, pois somente o príncipe - que é meu filho - podes levar-te até lá. Quando anoitece, eu coloco uma bacia com água, o vento vem e ele surge do rio. Quando isso estiver prestes a acontecer tu ficas escondida atras da porta e tão-somente aguarda".
Foi o que a menina fez.
Anoitecera, a senhora colocou uma bacia com água e quando o vento forte soprou, um peixe saira de dentre as águas do rio e caindo dentre da bacia, transformara-se em um belo príncipe.
Quando o príncipe entrou em casa, sentira um forte cheiro, e perguntou para sua mãe:
"Mãe, tem gente aqui?"
A sua mãe lhe respondeu:
"Não filho, não tem ninguém"
O príncipe insistiu dizendo:
"Tem gente sim mamãe, por que sinto cheiro de 'sangue-real'".
A mãe, mudando de assunto, prepara a mesa do jantar,
e quando o jovem príncipe senta-se para a refeição,
sua mãe lhe faz uma pergunta:
"Filho, se viesse até mim uma moça e eu deseja-se que ela mora-se conosco, o que você faria?"
O jovem príncipe respondendo disse:
"A trataria bem como trato a senhora".
Foi quando a mãe do jovem príncipe chamou a menina e,
apresentando-a para seu filho disse:
"Filho, ela procura a 'Cidade Encantada'".
O jovem príncipe vendo-a respondeu:
"Menina é muito longe, e tens que ir primeiro à casa da lua".
Quando amanhecera, menina seguiu viagem, passando-se algumas horas de caminhada, encontra uma casa bem simples, e batendo palma chama por alguém.
É quando uma senhora a atende e a menina lhe pergunta se ela saberia lhe informar onde ficaria a "Cidade Encantada".
A senhora lhe convida para entrar e diz:
"Menina eu não sei lhe informar, mas acredito que minha filha sabe. Você espera ela".
Foi quando anoiteceu e a lua chegou - a lua era a filha da senhora que recebera a menina em sua casa.
Ao entrar em casa a lua sentiu um forte cheiro e perguntou para a sua mãe:
"Mãe, tem gente aqui?"
A sua mãe lhe respondeu:
"Não filho, não tem ninguém"
O príncipe insistiu dizendo:
"Tem gente sim mamãe, por que sinto cheiro de 'sangue-real'".
A mãe, mudando de assunto, prepara a mesa do jantar,
e quando a lua senta-se para a refeição,
sua mãe lhe faz uma pergunta:
"Filha, se viesse até mim uma peregrina e eu deseja-se que ela mora-se conosco, o que você faria?"
O jovem príncipe respondendo disse:
"A trataria bem como eu trato a senhora".
Foi quando a senhora chamou a menina.
Foi quando a mãe da lua chamou a menina e,
apresentando-a para sua filha disse:
"Filha, ela procura a 'Cidade Encantada'".
O lua vendo-a respondeu que não poderia levar-lhe à "Cidade Encantada" e que somente o sol é que poderia leva-la até lá.
Ao amanhecer a menina partira e passando-se alguns minutos de caminhada ela avista uma casa bem simples.
Era a casa do sol.
E batendo palma a menina chama por alguém.
É quando uma senhora a atende e a menina lhe pergunta se ela saberia lhe informar onde ficaria a "Cidade Encantada".
A senhora lhe convida para entrar e diz:
"Menina eu não sei lhe informar, mas acredito que meu filho sabe. Você espera que ele já, já chega".
Foi quando ao meio-dia o sol chegou - o sol era o filho da senhora que recebera a menina em sua casa.
Ao entrar em casa o sol sentiu um forte cheiro e perguntou para a sua mãe:
"Mãe, tem gente aqui?"
A sua mãe lhe respondeu:
"Não filho, não tem ninguém"
O sol insistiu dizendo:
"Tem gente sim mamãe, por que sinto cheiro de 'sangue-real'".
A mãe, mudando de assunto, prepara a mesa do almoço,
e quando o sol senta-se para a refeição,
sua mãe lhe faz uma pergunta:
"Filho, se viesse até mim uma peregrina e eu deseja-se que ela mora-se conosco, o que você faria?"
O sol respondendo disse:
"A trataria bem como eu trato a senhora".
Foi quando a mãe do sol chamou a menina e,
apresentando-a para seu filho disse:
"Filho, ela procura a 'Cidade Encantada'".
O sol vendo-a respondeu:
"Eu sei onde fica a 'Cidade Encantada'.
"Você segue reto e após uma hora de caminhada chegarás lá".
"Logo na entrada da cidade, avistarás um castelo muito bonito - é o castelo do príncipe Bradaluz".
A menina passou a noite na casa do sol e logo ao amanhecer, um pouco antes de sair, o sol lhe presente-a com um colar de ouro e lhe diz:
"Isso é para que você menina use para encontrar-se com o príncipe Bradaluz".
A menina colocou o colar e foi ao encontro da "Cidade Encantada".
Chegando-lá, a menina encontra-se com uma princesa que estava sentada na porta do castelo - era a esposa de Bradaluz!
Ao ver aquela menina, a princesa se admira com a beleza do colar de ouro que a menina usava e pergunta:
"Você não vende este colar?"
A menina respondendo disse:
"Não só vendo como dou! É só deixar-me passar uma noite apenas debaixo da cama do príncipe".
No inicil a princisa achou a proposta um absurdo porém ao pensar bem ela aceitou.
Convidou a menina para entrar e ao anoitecer deu um remédio para que o príncipe dormi-se.
Ao entrar no quarto do príncipe a menina vê no peito de Bradaluz um corte - o mesmo corte que fora feito por sua madraste.
Foi quando a menina começou a cantar bem baixinho:
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou",
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou".
Porém Bradaluz não acordou.
Ao amanhecer a menina já ia embora, quando
oferecera a princesa outra jóia.
Porém quando a princesa lhe pergunta quanto custava aquela jóia, a menina lhe disse:
"O preço da jóia é eu passar mais uma noite debaixo da cama do príncipe".
A princesa aceitou.
Porém como naquela noite não havia mais o remédio para adormecer a Bradaluz, a menina pode então cantar e ter grande alegria.
Ela cantou:
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou",
"Bradaluz, Oh Bradaluz, vem ver quem te criou".
Foi quando o príncipe Bradaluz acorda e ve que debaixo de sua cama estava aquela a quem ele tanto amava!
Vendo que Bradaluz estava encantado pela menina, a princesa ordena que seus guardas expulsem a menina do castelo.
A princesa diz:
"Peregrina pra fora, princesa dentro!"
Porém Bradaluz declara:
"Princesa pra fora, peregrina dentro!".
Foi então que a menina encontrar seu grande amigo, que se tornara seu grande amor.
Casaram-se e vivem até os dias de hoje no castelo da "Cidade Encantada".