A TRAVESSIA DOS SAPOS

Existia em certo lugar (num canto de uma rua qualquer) uma aldeia (um pequeno brejo) de sapos e que estavam totalmente preocupados, a comida estava acabando e só havia comida do outro lado do deserto (do outro lado do asfalto).E o ancião da aldeia, a quem todos o chamavam de mestre ou de senhor e o respeitavam e faziam tudo o que ele mandava, reuniu a todos e todos ajoelhados fizeram grande silêncio, e então ele começou a falar:-Eu sei que todos aqui já sabem que estamos passando por necessidade de alimento e todos sabem que existe fartura de alimento do outro lado do deserto (do outro lado do asfalto) e que somente eu pude atravessá-lo e voltar são e vivo de lá, isso quando eu era jovem e também já contei que muitos morreram tentando atravessá-lo, muitos morreram quando chegaram do outro lado porque foram devorados por feras(cobras) e outros morreram quando tentavam regressar.

De repente vários sapos começaram a dizer:-O meu avô foi pisoteado por um monstro gigante (automóvel)-A minha tia ficou toda achatada quando foi pisoteada por um monstro mãe (caminhão) e dois filhotes (dois automóveis).

E todos começaram a falar ao mesmo tempo sobre as mortes de seus entes queridos, mas o ancião levantando a sua bengala pediu silêncio e todos obedeceram, então ele disse:-Eu deixo vocês decidirem se querem morrer de fome ou tentar a sorte atravessando o deserto (o asfalto)mesmo sabendo dos perigos.E todos decidiram se arriscar pelo bem de todos, então o ancião falou:-Escutem o meu conselho:-Devemos partir quando a lua verde estiver brilhando intensamente e a amarela e a vermelha estiverem em trevas (luzes do semáforo).

De repente surge no meio da multidão de sapos, o sapinho mais desprezado, que todos o chamavam de doido, de rebelde sem causa e de vários outros insultos porque ele não gostava de ouvir as palavras do ancião e sem medo foi logo dizendo:-Se vocês escutarem este velho caduco, irão todos morrer, porque o certo é atravessarmos o deserto (o asfalto) quando a lua vermelha estiver brilhando intensamente e a amarela e a verde estiverem em trevas (as luzes do semáforo).

O ancião indignado disse:-Como ousa me chamar de caduco?Guardas prendam-no! E os guardas o levaram para prisão e o ancião continuou:-Onde já se viu?Atravessar o deserto (asfalto) numa noite de lua vermelha, que é a cor do sangue, que dá azar, que traz a desgraça para nossas vidas!Todos nós sabemos que devemos atravessar em noite de lua verde, que traz sorte, que é a cor da esperança e que nos protege na travessia.

Na data marcada, todos estavam reunidos, morrendo de medo esperando a lua verde brilhar.Quando ela brilhou, o ancião mandou todos seguirem caminho, e muitos foram pisoteados por monstros (atropelados por automóveis), alguns covardes, com medo voltaram correndo para aldeia (pequeno brejo na beira da rua)chorando e dizendo que os monstros fizeram novas vítimas.

Daí então eles se revoltaram contra o ancião e disseram que não iam mais obedecê-lo, porque todos os que o obedeciam acabavam mortos.E eles estavam profundamente tristes e sem esperanças porque sabiam que se ficassem na aldeia (pequeno brejo na beira da estrada) iriam morrer de fome e que se tentassem atravessar o deserto (o asfalto) iriam ser pisoteados por monstros (carros).Então se lembraram das palavras daquele sapinho e resolveram se arriscar mais uma vez pelo bem de todos, era tudo ou nada, mas antes soltaram o sapinho e pediram que ele os orientasse.

Na data marcada, todos estavam reunidos, morrendo de medo mas desta vez esperando a lua vermelha brilhar para seguirem caminho.Quando ela brilhou todos seguiram caminho e atravessaram o deserto (asfalto) e não foram pisoteados e chegando do outro lado o sapinho lhes disse:-Vamos reunir grande quantidade de alimento e regressar rapidamente, antes que as feras (cobras) nos encontrem, mas temos que esperar a lua vermelha brilhar novamente.

E todos regressaram felizes e vitoriosos e com uma enorme quantidade de alimento.E o ancião ficou furioso e disse que foi pura sorte e que se atravessassem de novo iriam todos morrer e tentou provar para eles que estava certo, seguiu caminho pelo deserto (asfalto) no momente que a lua verde estava brilhando e foi pisoteado por um montro (uma moto) e morreu e viram que ele estava errado e o sapinho desprezado é que estava certo.

Depois disso eles passaram a obedecer o sapinho que era desprezado e nunca mais faltou alimento na aldeia.

Fim.