A GALINHA DOS OVOS DE OURO
A galinha sabia que o galo não saia de sua cabeça
Mais o galo se julgando besta e dono do terreiro
Logo vacilou e a galinha mocinha com medo de virar ensopado
Arrastou as asinhas pro outro lado
Veio então outro bem maior que pintou todo o cercado
Pensando ser ela a galinha dos ovos de ouro
E logo colocou o galo desovado pra fora do terreiro pintado
O galo com sua crista empinada, mas rebaixada...
Prestou reverencia ao novo morador
E ficou para fora da cerca espiando de soslaio
Pois sabia que sua espora agora era pinto enrugado
Sua galinha tinha há muito mudado o ovo de cor
E logo chegou seu novo cantor
O GALÃO de tinta fresca...
Pra desespero do galo difamado
Numa destas horas funestas
Em que a oportunidade faz da raposa a ladra da mariposa
Matou a galinha dos ovos de ouro
E a partiu ao meio tirando seu couro e suas arestas
Pois no fundo sabia que dentro dela não havia tesouro algum
E caberia somente a ele de ser o condenado
E assim como a rosa não aceita o pesado besouro
Não haveria ele de ser pelo pintor galão desonrado...