CONSELHO DE VIÚVA

Em um reino no alto de uma colina verdejante existia um rei muito justo e honesto. Todos dali e de outros reinos distantes que precisavam de bons conselhos procuravam-no para rarefazer as ideias. Certa vez, uma jovem senhora viúva ficou sabendo que o autor do assassinato do marido dela se encontrava preso nas masmorras do castelo, então, em busca de justiça e reparo à situação a que ela se encontrava, ela foi ao encontro do rei buscar solicitudes. Ao colocar-se diante do trono da vossa majestade, ela contou a ele sobre o que sucedera ao marido, ou seja, a desgraça da morte dele, após um assalto, no caminho de casa, quando ele vinha do trabalho. O rei sabendo-se que havia prendido o ladrão assassino do marido da jovem senhora, respondeu-a, tranquilamente.

- Pode ficar tranquila, minha senhora, pois o ladrão que assassinou o seu marido já havia sido capturado, julgado e preso em um dos seguros cárceres das masmorras do castelo.

A mulher falou lucidamente que sabia de todos os fatos das providências reais, sobre a prisão do ladrão e assassino, mas o que ela queria mesmo era um reparo sério, capaz de fazê-la sentir-se justiçada. O rei ficou um pouco confuso, pensou um pouco e a consultou, perguntando-a o seguinte.

- A senhora, cá está, diante ao meu trono, para reivindicar uma pena mais severa ao ladrão e assassino do seu finado marido?

A mulher viúva balançou a cabeça dizendo que “sim”. O rei, portanto, falou-a, de forma convicente.

- Se é o que queres, julgarei-o novamente para levá-lo à forca, em praça pública.

A jovem senhora viúva assustou e balançou novamente a cabeça com o sinal de “não”. O rei ficou ainda mais confuso e a pediu conselho sobre qual pena ele aplicaria ao ladrão assassino.

- O quer terei eu de fazer para atendê-la, quanto ao reparo sério a que está a reinvindicar-me para sentir-se totalmente justiçada? Sugere alguma pena justa, que eu possa pensar em cumpri-la?

A mulher viúva olhou para o rei e o clamou, dizendo.

- Ora, vossa majestade, sou uma mulher simples, de pouco estudo a que está recentemente viúva e cheia de dificuldades com os filhos. Tudo o que peço a vossa senhoria é que liberte o ladrão assassino...

O rei estranhou o pedido da mulher viúva.

- Libertar o ladrão assassino?

A mulher viúva prosseguiu a fala, explicando ao rei, conforme a rogativa dela.

- Sim, liberte-o e faça valer uma lei em que todos os presidiários deste reino que mataram pais de família trabalhassem forçosamente, prestando serviços ao castelo...

O rei pôs-se de pé e fixou seriamente para a mulher viúva. Ela continuava, sobriamente.

- Veja, majestade, aquele a quem sustentava a minha família foi ceifado por um ladrão e assassino qualquer que não procurou conhecer antes se a vítima tinha ou não uma família para sustentar... Desse modo, tudo o que eu quero é que esse ladrão assassino, assim como outros mais, não fique apenas jogado em uma masmorra ocupando a mente com besteiras, mas trabalhando para refletir na séria injustiça a que cometeu. Enquanto o ladrão e assassino, que ceifou a vida do meu marido, trabalhar, eu receberei o salário dele para ajudar a sustentar, agasalhar e educar os meus dois filhos pequenos. Quando os meus filhos pequenos atingirem a maioridade e estiverem prontos para se sustentarem, a pena do miserável dará por cumprida...

O rei achou a ideia da mulher viúva surpreendente e, dias depois, após regulamentar por lei a explêndida ideia dela, todo aquele que no reino comentesse delito contra a vida de alguém pagaria através de serviços forçados, a fim de reparar os devidos danos à desgraça alheia. A jovem mulher viúva e tantas outras viúvas passaram a sustentarem as suas famílias através dos trabalhos forçados dos assassinos de seus finados maridos.

MORAL DA HISTÓRIA: Toda lei que regula a conduta de uma sociedade deve ser proposta a partir de uma experiência e não de algo suposto.

Shicko Rodrigues
Enviado por Shicko Rodrigues em 25/04/2012
Reeditado em 27/04/2012
Código do texto: T3633488