cofap

dia.véspera de natal, sol intenso em nosso clima subtropical de manhãs cinzas e meio dia com nuvens-óculos-escuros. há flores plantadas transplantadas três plantadas juntas combinadas cores arbustos pedras e gradis. cofap tremulando sorrisos cantados por roberto carlos; o corpo pequeno forte explode energia; com várias pessoas conversa durante o dia. a noite ele fala sozinho. as pombas ouvem, embora durmam bem mais cedo.

não podia atravessar além das flores; cá, vivia em um mundo circunscrito: uma pequena geografia humana-física. era proibido atravessar além das pétalas que luziam perfumes. não se podia atravessar. mas confiante em sua performance de amortecedores e na velocidade de sua alegria deixou para trás os ramalhetes dispersos: não atados. botões, luzidas aquarelas, flôr que se sabe flôr.

fechou os olhos e se viu entre galhos secos retorcidos amarrados quentes seguros caules de flores pétalas secas.

o dia cerrou seu olhar. o que era sol se fez chuva caiu intensamente. caiu junto com sal com sal com sal com sal com sal. lá, gris, mais.

noite. pomba decora asas molhadas na janela. vela a noite. vela, há noite. vela à noite. a água atrela a ave à terra. colhe, todas as gotas em sua plumagem. em um esforço, pela manhã, voa até um pé-de-laranja. ali faz seu ninho entre galhos e espinho. deposita três ovos - que logo se tornam paredes quebradas - três filhotes: um com olhos de cachorrinho.

adriano chagas
Enviado por adriano chagas em 04/04/2012
Código do texto: T3593297
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